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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Perfil de Poeta 5 - Roberto Nunes

Perfil de Poeta 5 - Roberto Nunes




1. Quando começou a escrever poesia?

Comecei na adolescência, na verdade nem chamava de poesia, achava prepotente de minha parte usar a palavra “poesia” em meus escritos. Mas só durante a graduação, incentivado por geniais colegas de classe e grandes professores, que assumi minha “prepotência”.

2. Quais são seus/suas poetas preferidos?

Tenho forte admiração por dois sujeitos que conheci na faculdade, dois amigos: Patrick Furtado e Gustavo Ferreira, dois poetas excelentes. Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Paulo Leminski, William Blake são outros que admiro.

3. O que é Literatura pra você?

Literatura é uma reunião das sensações e sentimentos que o ser humano é capaz de ter, é emancipação, é libertador. Transformou-me em um novo homem. Imagine se para exercer um cargo eletivo, em um dos três poderes da república, fosse obrigatório ser formado em literaturas, Ah! Que mundo maravilhoso teríamos.

4. Como é seu processo de escrita?

Procuro escrever a chamada “Poesia social”, claro que não me limito nem me rotulo a nada, mas predomina em mim essa necessidade de uma escrita social, coletiva, contestadora, inquieta. O Brasil é uma fonte inspiradora excelente para a poesia critica social.

5. Pretende usar a poesia de maneira atuante em suas práticas como futuro professor?

Certamente, o mundo precisa de poesia. Da nossa poesia, da poesia que sai das escolas, das universidades, das favelas, das ruas. Essa poesia que está ai, pronta para ser lida e aplicada.



O conflito do ofício

Roberto Nunes

Diante do inesperado ócio
Angústia e solidão
A labuta escraviza
Não há opção
O Pão! Voltou ao lar
O menino não me acha
A moça abençoa meu sono
O lamento é só meu
Agradeço em voz alta

****

Quando II

Roberto Nunes
Quando olho para mim não me percebo

Quando II

Roberto Nunes.

Quando olho para mim não me percebo
dentro dessa alegria,
essa coisa "Normal"
de parar de dormir as cinco da manhã,
fazer a higiene mal feita
atracar-me com estranhos
na luta por um lugar para o corpo
que ainda dorme dentro do coletivo.

    Quando olho para mim não me percebo
 produzindo uma fortuna para uma única família
 e entregando tão pouco ao meu filho.

O estranhamento que percebo
tão bem, pesa em meus ombros
como uma angústia amiga.
Quando olho para mim, me
reconheço na loucura
de parar de dormir as cinco
da manhã somente para
debochar das horas e voltar
a sonhar.
Quando olho para mim, me
reconheço na coragem de criticar
quem me domina.

Quando olho para mim, me
reconheço no normal de
tratar todos iguais.
Quando olho para mim, me
reconheço no medo de cortar
o cordão que me obriga a
fingir ser bom.

 ****

Parto do desencanto
Roberto Nunes

Parto do desencanto
Flertando com a
Embriaguez
Pelo caminho.
Se eu não chegar
Apenas me veja nos
Rostos dos derrotados.
Leve um cão
para casa
E me encontre lá.
Lá, onde a embriaguez
É conquistada.
Onde a derrota
É aproveitada.
Onde o cão me
Festeja.
Lá, onde o desencanto
as vezes
Sou eu.

****
Sigo

Roberto Nunes

Sigo a fim de buscar
ausência,
deixar de existir quando
o copo estiver vazio.
Minha presença é de medo.
Me refugio
nu
numa ponta de
fumaça e pulmão.
A desordem média me
diz
aonde devo ficar.
Sigo avançando com
minhas mãos queimadas
de sangue,
meu rosto sujo de
pólvora
e a voz
embargada de cólera.


 ****
Selvageria normal

Roberto Nunes

Sinto-me parado, imóvel
preso a uma normalidade assombrosa.
Um oceano vermelho e denso
toca meu queixo,
e pareço caminhar em um
campo verdejante.
A lágrima da mãe que sofre
até me causa momentânea
comoção.
Só até o próximo gole de incapacidade
e aceitação.



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