Sobre nossas escolhas e nossas escolas
Erivelto Reis
Uma escola,
uma instituição de ensino superior em que o individual particular determine a
prática, independente dos resultados ou dos teóricos que levantem questões de
métodos e fins; coadunando-se a finalidades e resultados deturpados ou
mascarados em face de objetivos protocolares, não verificáveis na prática, na
formação e na qualidade da formação de crianças, jovens e adultos em todas as
etapas da educação, têm sido uma tônica de nossos tempos. O grande público, a
massa percebe - embora nem sempre questione ou discorde de tal processo - a
ideia da aprovação automática, por exemplo, como resultado perverso desse
processo.
A elite o
aplaude, porque amplia o abismo entre os mais pobres e os mais ricos, irônica e
cruelmente, exatamente no espaço que deveria servir para atenuar e/ou extinguir
as diferenças nas potencialidades sociais, econômicas e culturais: a escola. No
entanto, o professor contrário a interesses escusos, acaba por perder o domínio
ou sofrer restrição sobre o conteúdo e as metodologias que lhes sejam próprias,
em detrimento do comportamento obscenamente amoral do mercado privado, ou sofre
com a manipulação que pretenda produzir resultados que saciem a burocracia das
políticas educacionais públicas superficiais e inócuas, que inflacionam as práticas,
distorcem as filosofias que condenem tais práticas, convertendo seus estudos e
sua práxis em vilões ideológicos, subversivos que aparelham uma parte do
sistema entendida como oposicionista.
Os mercados
lucram astronomicamente com o posicionamento que faz - na esfera particular -
da educação um negócio e, na esfera pública, da educação uma despesa jamais
locupletada. Este aspecto desacredita e desmobiliza a educação, menospreza e
inferioriza, aos olhos da opinião pública o fazer do professor e sua profissão
como promotora da cidadania e da democracia.
O empresário
faz da educação um títere manipulado para servir ao lucro, convertendo-a em
grife e aos professores em serviçais que alimentam e produzem apenas para
mantê-la enquanto grife e agregar valor cujo resultado nem sempre é humanizador
e cujos lucros econômicos, quase nunca e/ou de maneira ínfima lhe podem ser
distribuídos.
Aos que detém
o poder público política de educação se faz de cifras, corrupção, compadrios e
desumanização da massa populacional que se serve de uma educação, que sobrevive
e ainda produz resultados pela resistência, qualidade e ética dos profissionais
que atuam, em face do distanciamento, da incapacidade técnica e da
insensibilidade dos gestores públicos da pasta, com raríssimas e honrosas
exceções.