OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO
NÉRICI, Imídeo G. “Objetivos da educação”.
In:_________. Didática geral dinâmica.
6 ed. São Paulo: Atlas, 1981. p. 24-27.
Vão indicados os que parecem ser os objetivos mais gerais da educação,
para onde devem convergir os esforços de todos os planejamentos educacionais,
como os de currículos e de ensino, atendidos os objetivos específicos das
atividades, áreas de estudos ou disciplinas. Enfim, todas as atividades
escolares devem convergir para a efetivação dos objetivos da educação no
sentido de integração e progressão.
Os principais objetivos da educação parecem ser:
1. Dar oportunidade para cada um revelar-se e
realizar-se, isto é, de permitir a cada um ser o que é, pela explicitação de suas
virtualidades, para melhor desenvolvimento da personalidade, o que é útil para
o educando e a sociedade. Útil para o educando, porque ele poderá dedicar-se a
atividades para as quais tenha melhores aptidões, e útil para a sociedade,
porque se beneficiará com a melhor e maior produção do mesmo.
2. Formar a mentalidade científica como base
que permita viver e progredir sem temores descabidos e com plena consciência da
sua própria ação. Através da mentalidade científica, poderá ser cultivada a
independência de pensamento, imparcialidade e capacidade de dar-se a tarefas
desinteressadas, bem como desenvolver o sentimento de responsabilidade social.
É por meio da mentalidade científica, com espírito crítico desenvolvido, que o
homem poderá livrar-se das propagandas de toda espécie, desde as ideológicas às
comerciais, libertando-se, assim, do comportamento automatizado ou
“massificado”.
3. Desenvolver a capacidade de esforço e
persistência, uma vez que nem todas as metas da vida são alcançadas só com a intenção
e a vontade de alcançá-las. Já disse um filósofo que "o gênio é uma longa
paciência", como a reconhecer o poder excepcional do esforço e da
perseverança. As realizações mais refinadas, mais perfeitas ou mais eficazes
não são alcançadas senão com muita dedicação. E nada se consegue, aliás, sem a
aplicação dessas duas verdadeiras virtudes: esforço e perseverança. É preciso
afastar do homem o fascínio que sobre ele exerce a palavra sorte e convencê-lo de que ele pode
criar a sua sorte, com esforço e perseverança... A sensibilização do homem pelo
esforço e perseverança poder dar a cada um o sabor de viver em epopeia, em aventura de conquista e de grandes
realizações. Conquista da sua própria sorte e da sua própria vida.
4. Predispor e preparar para o exercício de
uma autoridade profissional útil à subsistência do educando e às
necessidades sociais, em aberto combate
ao "parasitismo social" e à atitude de "nada dar e tudo querer". Formar o homem que coopera na
economia da sociedade como seu trabalho e quando reclama não o faz a pretexto
de privilégios, mas de direito
adquirido, graças ao seu trabalho.
5. Tomar o educando independente, isto é, que
saiba andar com suas próprias pernas e pensar com a sua própria cabeça. Tornar
independente não no sentido de mera oposição ou contestação, mas no sentido de
cooperação, de melhoria, de autodeterminação e de tomada de decisões refletidas
e responsáveis.
6. Levar a ter confiança em si e nos seus
semelhantes — esta é uma tarefa difícil e necessária da educação e complemento,
também, do objetivo anterior, que é o educando ganhar confiança em si, mas
solidária, complementada pela confiança nos outros. Confiança somente em si
acaba, criando Ilhas, quando não adversários prontos a se agredirem.
7. Sensibilizar para a responsabilidade — este
objetivo é complemento do anterior, unia vez que independência, para ser
autêntica, útil e desejável, precisa ser secundada por desenvolvido senso de
responsabilidade e respeito pelo próximo, senão poderá ser tudo, menos
liberdade
8. Tornar comunitário, isto é, sensibilizar o
educando para o convívio responsável com seus semelhantes, no sentido de
cooperação, respeito e solidariedade. Levar a sentir o seu próximo como a si
mesmo e a encarar os problemas comunitários, também, como seus. Este objetivo
deve levar à estruturação do cidadão participante.
9. Desenvolver a criatividade, para que o
educando não seja um estereotipado em seu comportamento e tenha melhores
condições para enfrentar as situações novas e problemáticas da vida, com
maiores probabilidades de sucesso. Desenvolver a criatividade para tornar o
educando mais flexível diante das transformações e mutações que a vida possa
oferecer, em todos os campos. Desenvolver criatividade funcional e não
exibicionista, só para ser original...
10. Levar a apreciar os conhecimentos e mesmo
as estruturas sociais como possivelmente provisórios, a fim de facilitar o
advento de novos conhecimentos, novas técnicas e novas maneiras de convívio e
de relacionamento, novas situações de vida, bem como predispor para a pesquisa
e o aperfeiçoamento do que quer que seja.
11. Desenvolver a capacidade de
apreciação estética, principalmente das coisas e dos fenômenos mais
simples e não tanto da sofisticação... Levar a apreender o sentido estético
contido nos acontecimentos que o envolvam, isto é, levar a viver em estética, para gozo
continuado da vida e principalmente, dos "museus abertos, vivos e
dinâmicos" que a vida e a natureza oferecem gratuitamente e a todo
instante...
12. Desenvolver a tolerância
diante dos pensamentos e ações que os outros possam apresentar. A vida é curta
demais para se aceitar imposições ou caprichos de uns sobre outros. Mas que
essa tolerância seja marcada pelo respeito ao próximo e que não seja utilizada para
ultrajar, humilhar ou impor a sua própria vontade, como comumente se tem
visto... Tolerância para se impor uma forma ou visão própria da vida e da
realidade... Tolerância para que se imponha uma visão ideológica única... Não
tolerância diante das mistificações e imposturas, mas tolerância para que cada
um possa ser sincero e honesto para consigo mesmo e os seus semelhantes.
13. Possibilitar melhor conhecimento da
sociedade e da natureza, a fim de melhor relacionar-se e melhor participar da
vida comunitária, bem como, mais
eficientemente utilizar-se do mundo físico sem. mutilá-lo. Isto é, a fim de
mais consciente, eficiente e responsavelmente atuar em ambas.
14. Levar a apreender o
transcendental nas mínimas coisas e nas múltiplas ocorrências da vida
humana e da natureza, como forma de fugir ao banal e encontrar profundidade no
cotidiano. Desenvolver mesmo atitude místico-filosófica de tentar ver por
detrás das aparências... A busca de uma explicação maior, mais ampla, unificada
desse turbilhão de unidades aparentemente isoladas e soltas diante do homem.
15. Formar o homem moral
— Seja este, talvez, o objetivo maior da educação, por meio do qual os outros
se tornam mais facilmente
atingíveis. Formar o homem moral, o homem que sente compromissos consigo mesmo
e com a sociedade, o que avalia as consequências dos seus atos, que cumpre a
palavra empenhada, que confia, que respeita, que protege, que tenta
compreender, que coopera, que tem o espírito aberto para todas as verdades, a
fim de não ser injusto, e que é sensível ao que deve e ao que não deve
fazer.
16. Predispor para o respeito ao
próximo, como ponto de partida para o relacionamento com seus
semelhantes. Não se pode imaginar relacionamento autêntico, sem a predisposição
de respeito ao próximo. Fora dessa base, o relacionamento será mera
conveniência e nunca procedimento que ajude em alguma coisa para a vida
comunitária.
17. Informar formando —
Fazer com que as atividades, áreas ou disciplinas marquem, concreta e
claramente, as suas metas específicas ou instrucionais, para que o ensino possa
efetivamente realizar-se e, com isso, possam ser as referidas metas atingidas e
concretizadas, também, as metas da educação. Os melhores cuidados com os
objetivos de ensino podem proporcionar melhor controle da aprendizagem,
permitindo reajustes, quando necessários, para que os objetivos instrucionais e
educacionais se efetivem no comportamento do educando, permitindo, então, que
se forme o profissional eficiente e o cidadão participante e moral. E não
esquecer que a fórmula geral da ação educativa deve ser: INFORMAR FORMANDO.
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NÉRICI, Imídeo G. “Objetivos da educação”.
In:_________. Didática geral dinâmica.
6 ed. São Paulo: Atlas, 1981. p. 24-27.
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