Insight - Através do vidro
Marc Siqueira
A Sociedade Moderna é como um mar de inconsistências dentro de um oceano de indiferenças.
Tudo é bastante aparente nessa cidade, o Rio de Janeiro.
Através dos vidros da janela de um coletivo eu vejo: mares de pessoas, enseadas de sombras.
Ideais abandonados, ancorados em águas profundas. Eu vejo.
Eu vejo da janela, enquanto tudo passa à minha volta;
Eu vejo obras imensas, faraônicas, Arranha-Céus incomensuráveis.
Obras que refletem como um espelho a realidade a sua volta.
Reflexos que não são entendidos verdadeiramente como o são, pela origem do espelho:
Imagens inversas criadas pela consequência dessas próprias construções.
A poeira.
Ao lado destes espelhos gigantes jaz a poeira;
Algumas das mais belas arquiteturas feitas pelo homem Brasileiro.
À ferro e fogo, arte e alma;
São estas obras de arte abandonadas e depredadas pela razão de um padronismo moderno e vertical.
Sinto-me enraivecido em nome dos artesãos de outrora, em um misto de amor e ódio ao perceber o abandono.
O desprezo comum demonstrado pelo ignorar de uma cidade clássica...
... De estruturas horizontais e simples de um passado não tão longínquo.
Concedendo espaço a uma estrutura complexa e brutal daqueles que nos olham de cima.
Do alto dos espelhos gigantes, dos Arranha-Céus, nos olham os intocáveis faraós do tempo moderno.
Tudo isto passa e eu continuo a olhar, olhar através dos vidros.
Através dos vidros eu vejo a incoerência;
Da janela do coletivo eu vejo centenas de barcos, milhares de carros e milhões de assalariados.
Através do vidro eu vejo;
A realidade cruel de uma solidariedade orgânica que em moderna existência...
... De solidária nada possui ou nada lhe resta.
Vejo a dialética da vida atual, moderna.
De um lado o trabalhador que aguarda em sua parada a chegada do carro-de-boi, do outro...
... Um ser socialmente renegado, abandonado, o mendigo, o marginal, o morador das ruas.
Aquele largado à sua própria sorte...
... Existindo no limiar da vida e vivendo no limiar da existência.
Como algo inexistente ou imperceptível.
Como se houvesse tornado-se invisível aos olhos distantes.
Porém, não aos meus.
Mesmo que num relance, eu o vejo.
Eu vejo por fim a síntese empírica da contradição da vida nestes novos tempos modernos e mesquinhos;
Eu vejo a autoestrada; Entre os carros-de-boi e o ser invisível, eu vejo velozes maquinas.
Maquinas que cruzam o espaço e encurtam tempo em alta velocidade, tornando tudo ao seu redor embaçado, trêmulo, fugaz... Quase nulo.
A impressão da construção do “indigno de atenção”.
A indiferença.
O Carro do ano, o importado, estes contém aqueles que não se importam.
Eu vejo, vejo tudo isto e finalmente percebo que na minha cabeça reside um espírito anacrônico.
Um espírito anacrônico de uma existência atemporal que divaga na esperança das pequenas coisas.
Percebo que divago sobre o porquê das muitas coisas;
E nesta nuvem de pensamentos, sobretudo, eu percebo um único “Insight”:
– “Eu não sou daqui”.
Marc Siqueira
Tudo é bastante aparente nessa cidade, o Rio de Janeiro.
Através dos vidros da janela de um coletivo eu vejo: mares de pessoas, enseadas de sombras.
Ideais abandonados, ancorados em águas profundas. Eu vejo.
Eu vejo da janela, enquanto tudo passa à minha volta;
Eu vejo obras imensas, faraônicas, Arranha-Céus incomensuráveis.
Obras que refletem como um espelho a realidade a sua volta.
Reflexos que não são entendidos verdadeiramente como o são, pela origem do espelho:
Imagens inversas criadas pela consequência dessas próprias construções.
A poeira.
Ao lado destes espelhos gigantes jaz a poeira;
Algumas das mais belas arquiteturas feitas pelo homem Brasileiro.
À ferro e fogo, arte e alma;
São estas obras de arte abandonadas e depredadas pela razão de um padronismo moderno e vertical.
Sinto-me enraivecido em nome dos artesãos de outrora, em um misto de amor e ódio ao perceber o abandono.
O desprezo comum demonstrado pelo ignorar de uma cidade clássica...
... De estruturas horizontais e simples de um passado não tão longínquo.
Concedendo espaço a uma estrutura complexa e brutal daqueles que nos olham de cima.
Do alto dos espelhos gigantes, dos Arranha-Céus, nos olham os intocáveis faraós do tempo moderno.
Tudo isto passa e eu continuo a olhar, olhar através dos vidros.
Através dos vidros eu vejo a incoerência;
Da janela do coletivo eu vejo centenas de barcos, milhares de carros e milhões de assalariados.
Através do vidro eu vejo;
A realidade cruel de uma solidariedade orgânica que em moderna existência...
... De solidária nada possui ou nada lhe resta.
Vejo a dialética da vida atual, moderna.
De um lado o trabalhador que aguarda em sua parada a chegada do carro-de-boi, do outro...
... Um ser socialmente renegado, abandonado, o mendigo, o marginal, o morador das ruas.
Aquele largado à sua própria sorte...
... Existindo no limiar da vida e vivendo no limiar da existência.
Como algo inexistente ou imperceptível.
Como se houvesse tornado-se invisível aos olhos distantes.
Porém, não aos meus.
Mesmo que num relance, eu o vejo.
Eu vejo por fim a síntese empírica da contradição da vida nestes novos tempos modernos e mesquinhos;
Eu vejo a autoestrada; Entre os carros-de-boi e o ser invisível, eu vejo velozes maquinas.
Maquinas que cruzam o espaço e encurtam tempo em alta velocidade, tornando tudo ao seu redor embaçado, trêmulo, fugaz... Quase nulo.
A impressão da construção do “indigno de atenção”.
A indiferença.
O Carro do ano, o importado, estes contém aqueles que não se importam.
Eu vejo, vejo tudo isto e finalmente percebo que na minha cabeça reside um espírito anacrônico.
Um espírito anacrônico de uma existência atemporal que divaga na esperança das pequenas coisas.
Percebo que divago sobre o porquê das muitas coisas;
E nesta nuvem de pensamentos, sobretudo, eu percebo um único “Insight”:
– “Eu não sou daqui”.
Marc Siqueira
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