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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

ALUNA MONICA SOUZA, DO CURSO DE HISTÓRIA DAS FIC/RJ NOS ENVIA SEU MAIS NOVO TEXTO

O mundo da literatura de romance nos dias atuais (Monica de Souza )



O mundo literário Brasileiro nunca esteve tão aquecido de boas escritoras como agora, estamos vivendo um boom de talentosas e inspiradas mulheres e homens também que não deixam nada a dever para a literatura internacional.

Nas minhas circuladas pelo mundo das escritoras de romance, vi de tudo um pouco, desde de livros de mafiosas até verdadeiras sagas que encantam e nos levam a sonhar, A saga dos irmãos Estefanos conta a história de uma família de irmãos que cresceram nas ruas de New York e construíram um império e de suas respectivas vidas, um leitura que prende do inicio ao fim, que conquista seus leitores, não poderia falar de todas porque são muitas, e, isso porque estou falando de plataformas como Wattpad e Amazon, onde escritoras novatas expõem seus trabalhos de uma forma mais informal e que depois vão se moldando até chegar ao livro físico, é o que acontece com a maioria delas e com o sucesso de seus livros, nas minhas viagens pelos livros de romances encontrei tantas preciosidades, muita sensibilidade, alguns livros com conteúdo bem erótico, mas que não deixam de ser romances, temas sobre Bulling muito em voga nos dias de hoje, alguns livros sobre espiritismo incríveis,  vidas que se entrelaçam num universo, pouco divulgado e que nos nossos tão atribulados dias são um alento para fugir do estresse do nosso mundo e viajar nessas literaturas tão especiais, porque são nossas, produto 100% Brasileiro e temos que valorizar , porque a leitura é fundamental e apesar do mundo estar moderno demais com suas tecnologias, ler um livro , seja ele digital ou físico, ainda é o que há de melhor, portanto investir nessa forma de entretenimento, é uma boa forma de conhecer o mundo e pessoas sem sair do lugar.

ALUNO PETER LA RUBIA, DO CURSO DE LETRAS, PORT./LIT NOITE, DAS FIC/RJ, APRESENTA TRÊS DOS MAIS RECENTES TEXTOS DE SUA AUTORIA



FINAIS ALTERNATIVOS - VERSÃO 1 E 2

TEXTO SOBRE A ESCRITA CRIATIVA 

As universidades, a escrita criativa e a formação de escritores



FINAIS ALTERNATIVOS - VERSÃO 1 E 2
Feuc
Rio de Janeiro, 03 de Junho de 2017
Disciplina: Produção Textual – Professor: Erivelto Reis
Aluno: Peter Larrubia – 1º período Letras (Português/Literaturas)

Exercício: Criar um final alternativo para o conto “Venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles.

Antes do Amanhecer

            Raquel se deixou esvaecer junto às grades enferrujadas, a pele lisa das mãos provando a aspereza do cárcere. Ela tossiu forte, sentindo o gosto do sangue metálico na boca, não tinha mais forças para gritar, a garganta doía como se tivesse engolido pequenas lâminas. O ar pesado e bolorento preencheu seus pulmões com o bafo da morte. Frio e medo fizeram a moça encolher no canto empoeirado da escada, os pelos arrepiados e os dentes tiritando como se fossem quebrar. Quando Ricardo fechou a porta da igreja também levou consigo a luz. Tudo que restava era uma fresta, que de tão estreita, deixava que ela apenas intuísse o pôr do sol.
            As lágrimas desceram até secar. Quanto tempo tinha se passado? Meia hora? Uma? A exaustão embotou-lhe o desespero e, com ela, trouxe algum arremedo de fé (Cansaço e resignação são os pais da má esperança). Convenceu-se de que não precisava ter se atormentado. Era óbvio que Ricardo voltaria. Tudo não passava de uma lição. Meio exagerada. Mas talvez, merecida. Tentou falar em voz alta, pedindo a si mesma para manter a calma, mas estava tão rouca que não conseguiu ouvir a própria voz. Restava agarrar-se à fé.
            No entanto, o tempo se arrastou pelas paredes, inexorável. Através das frestas do portal da igreja sentiu o crepúsculo com os olhos semicerrados. A vida se extinguiu. O frio aumentou e tudo agora era breu, quase palpável, tão escuro que não fazia diferença se estava de olhos abertos ou fechados. Chorou de novo, até cair num sono frágil e desconfortável.
            Foi quando ouviu a explosão. Muito perto. Depois outra. Bombas? Paredes desabando? Depois outra e outra. E então uma sequência que levou vários segundos. E ela entendeu porque as ruas eram tão silenciosas e vazias quando chegaram ali. Era a final da copa do mundo. Todos estavam em casa, ouvidos colados ao rádio. Ninguém entraria naquele cemitério. Apodreceria naquele sepulcro, os fogos zombando de seu azar. Brasil teria sido campeão? Heleno teria feito gol? Não, Heleno não foi convocado. Heleno, o nome que Ricardo tinha escolhido para o filho deles. Ela chorou baixinho e rezou. Deus, não me abandone, eu não sabia o que fazia.
            Há quanto tempo foi? Ontem ou em outra vida?

            É incrível o que pode mudar em um ano. Seu mundo vira de cabeça para baixo e depois volta ao normal como num piscar de olhos. Mas nunca volta para o mesmo lugar.

            Ricardo sempre fazia amizade com crianças. Era um dom natural. Os sobrinhos de Raquel o adoravam, jogavam bola e futebol de botão, ele tinha uma paciência infinita. No segundo mês de namoro ele a pediu em casamento. Sonhava em constituir família e ter seus próprios pimpolhos. Ora, nem emprego ele tinha, vivia de bicos no comércio do tio. Raquel não respondeu, limitou-se a rir. Ele não insistiu. Quando assinou carteira como vendedor no mercado do centro, apareceu com uma pequena bola de futebol, dessas para bebês.
            – Ele vai trazer o primeiro caneco pra seleção!
            – Quem, Ricardo?
            – Heleno Albuquerque da Silva. O maior artilheiro do Brasil! Maior que o próprio Heleno de Freitas.
            – Do que você tá falando, seu louco?
            – Nosso bebezinho. Nosso filho.
            – Eu mereço. – Ela revirou os olhos – Nem vou me casar contigo, Ricardo, ainda mais ter um filho. Volte a estudar, faça uma faculdade de direito ou medicina. Seja homem de verdade. Aí, talvez, eu pense em alguma coisa.
            Mas Raquel tinha um fraco além do usual para os desejos da carne. Mantinha relações com Ricardo (só ele?) sem cuidados. Pouco mais de três meses depois sua menstruação, que era pontual, não veio.
            – Mas isso é ótimo, amor!
            – Ótimo? Só se eu fosse maluca!
            Ele escondeu os olhos marejados, aqueles olhos lisos e juvenis. Um misto de felicidade e raiva.
            – Eu assinei a carteira. Coisas boas virão. Uma criança vai mudar nossa vida.
            Ela se exasperou com a imaturidade e presunção de Ricardo. Logo ela, Raquel de Ávila Albuquerque, ia se misturar com Ricardo da Silva? Devolveu, irritada:
            – E tem mais, como você sabe que é seu?
            O rosto dele se transformou em algo branco e vazio. Depois se preencheu de puro ódio. Socou a janela e sangue escorreu pelo punho, desceu pelo antebraço e pingou no chão. Raquel soltou uma interjeição de medo e se encolheu. Ele olhou em volta, deu as costas e saiu.
           Duas semanas se passaram e Raquel fugia de Ricardo. Dizia que não estava, saía pelos fundos, se esquivava. Até que ele a cercou quando voltava sozinha do trabalho.
            – Não importa. Se sou eu quem vai criar, então é meu.
            – Você é mesmo louco.
            – Por te amar? Por amar nosso filho?
            Ela balançou a cabeça com força, demonstrando uma incredulidade exagerada.
            – Esquece isso tudo. Eu não devia ter falado contigo.
            – Não posso esquecer. Eu te amo. Eu amo nosso filho.
            Ela até tinha medo dele, mas a irritação provocou uma raiva muito mais forte do que qualquer temor. Só queria se livrar da situação, e a única maneira era contar logo:
            – Olha só, Ricardo, olha para mim – Ela pegou a cabeça do rapaz com as palmas das mãos – Eu acabei com tudo.
            Ele não entendeu. Ela teve que continuar:
            – Não tem mais. Entendeu? – Ela esperou uma resposta, mas ele limitou-se a encarar os olhos da moça sem esboçar reação – Eu acabei com tudo.
            Ele agarrou os pulsos de Raquel com força. Tanta força e por tanto tempo que ela sentiu as mãos ficarem dormentes.
            – Me solta! – Ela tentou reagir.
            – O que você tá dizendo sua filhinha de papai mimada? – Os olhos dele começaram a mudar, como se tivessem envelhecido – Sua rameira, meretriz!
            Ela só queria ir embora. Só queria que ele morresse. Mas ele insistia em ficar no caminho. Insistia em atrapalhar. Foi divertido por um tempo. Ele era bom de cama, sim, certamente o melhor, mas só isso. Não dava para entender essas atitudes de Ricardo. Por que não a deixava em paz? Ela só queria uma saída, qualquer coisa, e naquele momento, a verdade era a melhor das armas:
            – Acabou, Ricardo. Não tem mais nada entre a gente. Nenhum elo. Acha mesmo que eu ia deixar você destruir minha vida? Acabou!
            Mas ele, além de pobre, era burro, insistiu em atrapalhar, em atravancar sua vida, em não entender.
            – Acabou o que, Raquel?
            Ela puxou os braços com toda a força, as mãos dormentes, quase mortas, os olhos manchados de raiva. Como ela odiava a si mesma por se envolver com Ricardo, como ela odiava esse proletariadozinho.
            – Acabou, idiota! Eu matei o seu filho.

             E pela primeira vez, aquela pele lisa e juvenil em volta dos olhos do rapaz se contraiu em rugazinhas que misturavam ódio, frustração, malícia e dor.


Feuc
Rio de Janeiro, 03 de Junho de 2017
Disciplina: Produção Textual – Professor: Erivelto Reis
Aluno: Peter Larrubia – 1º período Letras (Português/Literaturas)
Exercício: Criar um final alternativo para o conto “Venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles.

RUGAS
(Peter LaRubia)

Ricardo sempre fazia amizade com crianças. Era um dom natural. Os sobrinhos de Raquel o adoravam, jogavam bola e futebol de botão, ele tinha uma paciência infinita. No segundo mês de namoro ele a pediu em casamento. Sonhava em constituir família e ter seus próprios pimpolhos. Ora, nem emprego ele tinha, vivia de bicos no comércio do tio. Raquel não respondeu, limitou-se a rir. Ele não insistiu. Quando assinou carteira como vendedor no mercado do centro, apareceu com uma pequena bola de futebol, dessas para bebês.
– Ele vai trazer o primeiro caneco pra seleção!
– Quem, Ricardo?
– Heleno Albuquerque da Silva. O maior artilheiro do Brasil! Maior que o próprio Heleno de Freitas.
– Do que você tá falando, seu louco?
– Nosso bebezinho. Nosso filho.
– Eu mereço. – Ela revirou os olhos – Nem vou me casar contigo, Ricardo, ainda mais ter um filho. Volte a estudar, faça uma faculdade de direito ou medicina. Seja homem de verdade. Aí, talvez, eu pense em alguma coisa.
Mas Raquel tinha um fraco além do usual para os desejos da carne. Mantinha relações com Ricardo (só ele?) sem cuidados. Pouco mais de três meses depois sua menstruação, que era pontual, não veio.
– Mas isso é ótimo, amor!
– Ótimo? Só se eu fosse maluca!
Ele escondeu os olhos marejados, aqueles olhos lisos e juvenis. Um misto de felicidade e raiva.
– Eu assinei a carteira. Coisas boas virão. Uma criança vai mudar nossa vida.
Ela se exasperou com a imaturidade e presunção de Ricardo. Logo ela, Raquel de Ávila Albuquerque, ia se misturar com Ricardo da Silva? Devolveu, irritada:
– E tem mais, como você sabe que é seu?
O rosto dele se transformou em algo branco e vazio. Depois se preencheu de puro ódio. Socou a janela e sangue escorreu pelo punho, desceu pelo antebraço e pingou no chão. Raquel soltou uma interjeição de medo e se encolheu. Ele olhou em volta, deu as costas e saiu.
Duas semanas se passaram e Raquel fugia de Ricardo. Dizia que não estava, saía pelos fundos, se esquivava. Até que ele a cercou quando voltava sozinha do trabalho.
– Não importa. Se sou eu quem vai criar, então é meu.
– Você é mesmo louco.
– Por te amar? Por amar nosso filho?
Ela balançou a cabeça com força, demonstrando uma incredulidade exagerada.
– Esquece isso tudo. Eu não devia ter falado contigo.
– Não posso esquecer. Eu te amo. Eu amo nosso filho.
Ela até tinha medo dele, mas a irritação provocou uma raiva muito mais forte do que qualquer temor. Só queria se livrar da situação, e a única maneira era contar logo:
– Olha só, Ricardo, olha para mim – Ela pegou a cabeça do rapaz com as palmas das mãos – Eu acabei com tudo.
Ele não entendeu. Ela teve que continuar:
– Não tem mais. Entendeu? – Ela esperou uma resposta, mas ele limitou-se a encarar os olhos da moça sem esboçar reação – Eu acabei com tudo.
Ele agarrou os pulsos de Raquel com força. Tanta força e por tanto tempo que ela sentiu as mãos ficarem dormentes.
– Me solta! – Ela tentou reagir.
– O que você tá dizendo sua filhinha de papai mimada? – Os olhos dele começaram a mudar, como se tivessem envelhecido – Sua rameira, meretriz!
Ela só queria ir embora. Só queria que ele morresse. Mas ele insistia em ficar no caminho. Insistia em atrapalhar. Foi divertido por um tempo. Ele era bom de cama, sim, certamente o melhor, mas só isso. Não dava para entender essas atitudes de Ricardo. Por que não a deixava em paz? Ela só queria uma saída, qualquer coisa, e naquele momento, a verdade era a melhor das armas:
– Acabou, Ricardo. Não tem mais nada entre a gente. Nenhum elo. Acha mesmo que eu ia deixar você destruir minha vida? Acabou!
Mas ele, além de pobre, era burro, insistiu em atrapalhar, em atravancar sua vida, em não entender.
– Acabou o que, Raquel?
Ela puxou os braços com toda a força, as mãos dormentes, quase mortas, os olhos manchados de raiva. Como ela odiava a si mesma por se envolver com Ricardo, como ela odiava esse proletariadozinho.
– Acabou, idiota! Eu matei o seu filho.
            E pela primeira vez, aquela pele lisa e juvenil em volta dos olhos do rapaz se contraiu em rugazinhas que misturavam ódio, frustração, malícia e dor.


As universidades, a escrita criativa e a formação de escritores

Peter Larrubia


Tenho feito três perguntas para professores universitários, entre eles mestres e doutores, de diversas instituições publicas e privadas da área de Letras:
1) Por que a disciplina Escrita Criativa é praticamente ausente da grade de Letras?
2) Por que, a exemplo do curso de música que forma músicos, de Artes plásticas que forma artistas plásticos, e assim por diante, o curso de letras não forma escritores?
3) É possível ensinar a escrever?
Para a terceira pergunta a reposta foi praticamente unânime: sim. A exemplo do curso de jornalismo, a escrita fluida e atraente pode ser aprendida como um pintor aprende a combinar cores. As divergências começam a surgir quando essa escrita é a de ficção. Voltarei a esse ponto nevrálgico ao final do texto. Por hora, vamos nos deter aos argumentos para as duas primeira perguntas. Elas podem ser encaradas sob três perspectivas: a cultural, a institucional e a pessoal.
A cultural diz respeito aos costumes petrificados no Brasil que nos remetem ao imaginário popular do artista como possuidor de um dom inato. Onde, não só esse dom não pode ser ensinado, mas quem o possui não precisa estudar para aprimora-lo. Vem-me à mente a famigerada frase do jogador de futebol, Romário, “Treinar pra quê, se eu já sei o que fazer?”. E esse jogador é hoje senador da nossa republica. O que diz muito sobre nosso país. No momento, não vou me deter nos porquês, mas tenho convicção de que essa cultura não só é errônea, mas, prejudicial.
A perspectiva institucional diz respeito à história do nascimento das universidades e dos cursos de Letras. Seus fundadores eram críticos, e não escritores. Portanto, carregamos esse legado que foca os estudos universitários em linguística e teoria literária até hoje.
Sobre o ensino e prática da escrita criativa na faculdade sob as perspectivas pessoais, as principais dúvidas que surgiram foram:
- Como julgar a produção do aluno? A resposta vem com outra pergunta: como fazem nos cursos de música e artes plásticas? Bem, vamos ate lá para ver de perto.
- Como chancelar que um aluno tornou-se escritor? Repito a resposta anterior e complemento informando que a PUC do Rio de Janeiro já oferece o curso​ de formação em escritor. como eles procedem? Lembro também que os EUA já fazem isso há décadas. Pesquisemos.
- O contato com grandes escritores e com teoria de nível muito complexo funcionariam como inibidores do aluno que pretende escrever? Claro que não! Estatisticamente pode até existir uma minoria que se sinta intimidada, mas esses já iriam desistir diante de quaisquer outros percalços. A leitura de grandes escritores só vai servir como fonte de pesquisa e inspiração. E o contato com grandes críticos só vai gerar o conhecimento e o rigor necessário para a formação de futuros bons profissionais da escrita de ficção.
Sócrates disse: quem conta histórias rege a sociedade. Hollywood e a indústria da TV perceberam isso há muito tempo. Hoje a China investe massivamente em cinema. A Argentina começou a colocar o cinema como matéria no ensino fundamental. As bienais do livro são testemunhas de verdadeira histeria coletiva por livros: crianças, jovens e adultos devorando histórias e adorando autores. A demanda por cursos e manuais de EC é enorme. Por que a academia de Letras deveria ficar de fora dessa história? (Perdoem o trocadilho).
Não é só uma questão de oportunidade, mas de um dever institucional e intelectual. As universidades devem, diante dessa enxurrada de cursos e manuais de escrita, participar ativamente da formação de escritores e contadores de histórias, garantindo e fomentando uma formação adequada e uma produção de qualidade.


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Aluno Ayrton de Almeida Areas, de Port./Ing. escreve um final alternativo para o Conto de Lygia F. Telles

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL UNIFICADA CAMPOGRANDENSE
FACULDADES INTEGRADAS CAMPO-GRANDENSES (FIC/RJ)
OFICINA DE PRODUÇÃO DE TEXTOS

Prof. Me. Erivelto Reis

  
FINALIZAÇÃO DO CONTO “VENHA VER O PÔR DO SOL”
Por: Ayrton de Almeida Areas



ALUNO: 17.0100-38
Licenciatura em Letras Português/Inglês – Turno: Noite

  
Rio de Janeiro
2017.1



Após gritar desesperadamente por ajuda e se arrepender de seus atos, Raquel soltou a mão da poderosa vidente que tinha ido consultar para saber o que o futuro lhe reservava.
— Não seja estúpida, pobre mulher. Isso não passa de uma visão. O futuro é moldável e muda de acordo com seus atos — disse a cartomante velha.

                 

Na manhã daquele mesmo dia, Ricardo foi à casa de Raquel e a convidou para um pequeno passeio com o intuito de resolver alguns assuntos do passado, mas a dama falou que pensaria a respeito do convite e que iria até o seu local de trabalho para informá-lo de sua decisão.
Desconfiada e com medo do que estava por vir, ela resolveu dar uma passadinha na tenda de uma cigana que estava pela cidade. Ao chegar lá, teve uma visão tão realista da qual jamais se esqueceria.
Saiu tremendo do local no qual encontrara a cartomante e decidiu não contar sua decisão a Ricardo como se ele nunca tivesse ido convidá-la. Agora, Raquel estava com receio do que poderia acontecer com ela se continuasse a tratar as pessoas como lixo, afinal, tinha amor à sua vida.


Aluna Layssa Salomão Gomes da Silva de Port./Ing. noite escreve final alternativo: "O desfecho", para o Conto Venha Ver o Pôr-do-Sol, de Lygia F. Telles

Fundação Educacional Unificada Campograndense
Aluna: Layssa Salomão Gomes da Silva
Letras- Port./Ing.              Turno: Noite
2017.1 


O desfecho...

     O pôr-do-sol já não brilhava mais. Ricardo foi embora do cemitério tarde da noite e com os pensamentos muito conturbados. Ao atravessar a rua não teve a percepção de que vinha um carro em alta velocidade e o atropelou.
     - Socorro! Raquel me ajuda? Dizia Ricardo com sua voz quase desaparecida.
     - Oh não! Você está bem? Disse-lhe o motorista que o atropelou.
     - Salve a Raquel e diga que o dinheiro não pode comprar outra vida e nem te ajudar quando você se encontrar sozinho a mercê da morte. Eu a amo! E então se deu seu último suspiro.
     O motorista apavorado com a situação deixou o corpo de Ricardo estendido no chão, ligou para a polícia anonimamente e fugiu.
     Ao amanhecer, os policiais já se encontravam presente no local, cobriram o corpo de Ricardo com um saco plástico preto e perceberam que ele vinha carregando uma chave em sua mão. Ao perceber a movimentação e escutar a sirene da polícia, Raquel começara a gritar euforicamente, tirando forças de onde já não tinha, começara a esmurrar a porta do jazido para que os oficiais ouvissem.
     - Socorro! Por favor! Socorro!
     - Ouçam! Parece ter alguém nesse cemitério abandonado!
     - Sim, estou ouvindo! Está pedindo socorro.
     - Vocês fiquem aqui, vou até lá.
     E então o policial foi até o local onde se encontrava Raquel. Ao chegar lá lhe perguntou:
     - O que estás fazendo aqui uma hora dessa senhorita?
     - Me trancaram aqui, por favor, me tire daqui, me tire daqui!
     - Afaste-se vou ter que atirar na fechadura da porta.
     Raquel se afastou, o policial pegou sua arma e atirou. E então a porta se abriu, Raquel o agradeceu e já sem esperanças suplicou:
     - Me tire daqui, quero ir para casa!
     O policial levou Raquel para o local do acidente e Raquel entrou em pânico mesmo sem ver o rosto do corpo que estava esticado no chão, ela gritava:
     - Ricardo! Ricardo! Por quê?
     Os policiais sem entender a chamaram para conversar, e ela explicou desde o início tudo o que tinha acontecido. Chateada e horrorizada com o fato, Raquel avisou aos familiares de Ricardo e ao avisar ao seu marido, ela disse-lhe:
     - Quero fazer o velório de Ricardo neste cemitério.
     - Mas este está abandonado há anos. Disse o marido.
     - Você, com todo esse dinheiro resolva isso!
     E o corpo foi levado pela funerária para ser preparado, e em um dia o marido de Raquel, contratou operários e coveiros para preparar o cemitério. E Ricardo foi enterrado no cemitério em que tanto adorava.
     - Você está vivo dentro de mim. Dizia Raquel, toda vez que passara pelo cemitério funcionando normalmente.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

TEXTOS CURIOSOS - COM NÚMEROS E FORA DE ORDEM





Mundo Moderno - Chico Anysio

Mundo Moderno
Chico Anysio


Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio – maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, marafonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.

Tudo o que vicia começa com C - L.F. Veríssimo

TUDO QUE VICIA COMEÇA COM "C" Luiz Fernando Veríssimo


Por alguma razão que ainda desconheço, minha mente foi tomada por uma ideia um tanto sinistra: vícios.
Refleti sobre todos os vícios que corrompem a humanidade. Pensei, pensei e,de repente, um insight: tudo que vicia começa com a letra C!

De drogas leves a pesadas, bebidas, comidas ou diversões, percebi que todo vício curiosamente iniciava com cê.
Inicialmente, lembrei do cigarro que causa mais dependência que muita droga pesada. Cigarro vicia e começa com a letra c. Depois, lembrei das drogas pesadas: cocaína, crack e maconha. Vale lembrar que maconha é apenas o apelido da cannabis sativa que também começa com cê.
Entre as bebidas super populares há a cachaça, acerveja e o café. Os gaúchos até abrem mão do vício matinal do café mas não deixam de tomar seuchimarrão que também – adivinha – começa com a letra c.
Refletindo sobre este padrão, cheguei à resposta da questão que por anos atormentou minha vida: por que a Coca-Cola vicia e a Pepsi não? Tendo fórmulas e sabores praticamente idênticos, deveria haver alguma explicação para este fenômeno. Naquele dia, meuinsight finalmente revelara a resposta. É que a Coca tem dois cês no nome enquanto a Pepsi não tem nenhum.
Impressionante, hein?
E o  computador e o  chocolate?   Estes dispensam comentários.  Os vícios alimentares conhecemos aos montes, principalmente daqueles alimentos carregados com sal e açúcar. Sal é cloreto de sódio. E o açúcar que vicia é aquele extraído dacana.
Algumas músicas também causam dependência. Recentemente, testemunhei a popularização de uma droga musical chamada “créeeeeeu”. Ficou todo o mundo viciadinho, principalmente quando o ritmo atingia a velocidade… cinco.
Nesta altura, você pode estar pensando: sexo vicia e não começa com a letra C. Pois você está redondamente enganado. Sexo não tem esta qualidade porque denota simplesmente a conformação orgânica que permite distinguir o homem da mulher. O que vicia é o “ato sexual”, e este é denominado coito.
Pois é. Coincidências ou não, tudo que vicia começa com cê. Mas atenção: nem tudo que começa com cê vicia. Se fosse assim, estaríamos salvos pois a humanidade seria viciada em Cultura.

Um texto sem a letra "A" - M. Alves de Araújo

Um Texto Sem a Letra A
Autor: M. Alves de Araújo


Tudo requer muito equilíbrio psicológico, pois o nosso viver, o nosso mundo, tudo que se move, se bebe, que se como e dorme requer o devido equilíbrio. E equilíbrio é sempre um jeito de ser. Um propósito moderno deste novo século é o de que é preciso "ser".

Eu me pergunto: "Eu sou? Eu existo? Eu quero? Eu vivo?" - Sim! Eu vivo! - É só o que sinto. Vivo num mundo sofrido, pobre de espírito, poderoso, sem motivos nem objetivos. Pode ser novo ou velho, rico ou pobre, solteiro ou viúvo, feliz ou triste.

Vivemos sós e nenhum de nós persiste muito em viver, em querer, no nosso compromisso um com o outro, no motivo... que motivos temos em nosso mundo com gente morrendo de fome, de sede, com suicídios, enfim, mortes e mortes.

Entendeu? Nem eu.


Conto: Circuito Fechado - Ricardo Ramos

CIRCUITO FECHADO
RICARDO RAMOS


1


Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina,sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

domingo, 9 de abril de 2017

texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo persuadir e convencer, ou seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida. É expressa uma opinião crítica acerca de um assunto, sendo defendida uma tese sobre esse assunto através de uma argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos verídicos e dados concretos.

Estrutura do texto dissertativo-argumentativo

A apresentação e defesa da tese desenvolvem-se através da estrutura textual típica de introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução

Na introdução ocorre a apresentação de um assunto e de uma tese que será defendida sobre esse assunto. Assim, após a identificação de um problema num determinado assunto, é apresentada a tese de forma clara e objetiva, sendo essencial que esta esteja bem definida e delimitada. A reflexão crítica sobre a tese e sua argumentação serão feitas no desenvolvimento do texto.

Desenvolvimento

No desenvolvimento ocorre a apresentação e a exploração dos diversos argumentos que suportam a tese. Podem ser apresentados através do reconhecimento das causas e consequências do problema, da identificação de seus aspectos positivos e negativos ou da contra-argumentação de uma tese contrária. Pode haver um foco no argumento justificando a tese ou um foco na tese que ocorre por um determinado argumento. O que importa é que se utilize uma linguagem coerente, objetiva e precisa.
A apresentação dos argumentos deve seguir uma sequência lógica. Pode haver um argumento principal e argumentos auxiliares ou vários argumentos fortes. O mais importante é que estes sejam objetivos e detalhados e que haja conexão entre eles.
Os diversos argumentos deverão ser sustentados com exemplos e provas que os validem, tornando-os indiscutíveis, como:
  • fatos comprovados;
  • conhecimentos consensuais;
  • dados estatísticos;
  • pesquisas e estudos;
  • citações de autores renomados;
  • depoimentos de personalidades renomadas;
  • alusões históricas;
  • fatores sociais, culturais e econômicos.
Estas estratégias argumentativas validam os argumentos, dotando-os de autoridade, consenso, lógica, competência e veridicidade. Assim, os leitores não só refletem sobre estes, como ficam obrigados a concordar com os argumentos, sem hipótese de os rebater.
Além disso, diversos recursos de linguagem podem ser usados para captar a atenção do leitor e convencê-lo da correção da tese, como a utilização de uma linguagem formal, de perguntas retóricas, de repetições, de ironia, de exclamações,…

Conclusão

Na conclusão há a retoma e reafirmação da tese inicial, já defendida pelos diversos argumentos apresentados no desenvolvimento. Pode ocorrer a apresentação de soluções viáveis ou de propostas de intervenção. A conclusão aparece como um desfecho natural e inevitável visto o pensamento do leitor já ter sido direcionado para a mesma durante a apresentação dos argumentos.


Exemplo de texto dissertativo-argumentativo:

“Não é de hoje que a sociedade brasileira sofre com os tormentos ocasionados pela disseminação da violência. Esse fato estarrecedor gera debates e mais debates, na tentativa de sanar, ou ao menos coibir, os sérios impactos sociais que as ações violentas representam para a coletividade. Para esse fim, seria a redução da maioridade penal um componente de primeira grandeza?
Constata-se que o envolvimento de jovens infratores em graves delitos pode não ser uma exclusividade dos tempos modernos; no entanto, é inegável o aumento de casos envolvendo crianças e adolescentes em situações deploráveis, como furtos, roubos e, em muitos contextos, homicídios.
Com esse cenário, parece irrefutável a tese que defende o declínio de dois anos nas contas da maioridade penal. Para os mais inconformados com a realidade, aqueles tomados pelo afã do “justiceiro implacável”, não parecem existir outras saídas. Todavia, nem sempre o que se revela aparentemente óbvio o é. Há fatores envolvidos nas estatísticas da criminalidade covardemente camuflados por alguns setores governamentais, bem como por áreas específicas da sociedade civil.
Se reduzir a idade mínima penal tivesse consequências positivas imediatas para a diminuição dos índices criminais, essa certamente já seria uma medida adotada por todas as nações. Fatores bem mais importantes como priorização efetiva dos investimentos em educação e cultura, bem como distribuição de emprego e renda, inserindo o jovem no universo acadêmico ou técnico, indubitavelmente aplacariam com mais rapidez e eficácia os deploráveis números.
A participação de menores infratores em crimes hediondos não deve ser ignorada, é inegável; diminuir a idade base para a criminalização de seus atos pode ser uma saída, mas necessita, ainda, de discussões e argumentos mais convincentes. De concreto, fica a certeza de que só um programa capaz de incluir crianças, adolescentes e jovens nos interesses mais prioritários do país terá a força suficiente para contornar quadro tão desfavorável.” (Prof. Eduardo Sampaio)



Os tipos de texto, também chamados de tipos textuais ou tipologias textuais, são as diferentes formas que um texto pode apresentar, visando responder a diferentes intenções comunicativas.
Os aspectos constitutivos de um texto divergem mediante a finalidade do texto: contar, descrever, argumentar, informar,… É de salientar que um único texto pode apresentar passagens de vários tipos de texto.
Diferentes tipos de texto apresentam diferentes características: estrutura, construções frásicas, linguagem, vocabulário, tempos verbais, relações lógicas, modo de interação com o leitor,…
Podemos distinguir os seguintes tipos textuais:
  • Texto narrativo;
  • Texto descritivo;
  • Texto dissertativo (expositivo e argumentativo);
  • Texto explicativo (injuntivo e prescritivo)

Texto narrativo

A principal finalidade de um texto narrativo é contar uma história através de uma sequência de ações reais ou imaginárias. A narração da história é construída à volta de elementos narrativos, como o espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.
Exemplos de texto narrativo: romances, contos, fábulas, depoimentos, relatos,...
Saiba mais sobre textos narrativos em: Texto narrativo.

Texto descritivo

A principal finalidade de um texto descritivo é apresentar a descrição pormenorizada de algo ou alguém, levando o leitor a criar uma imagem mental do objeto ou ser descrito. A descrição pode ser mais objetiva ou mais subjetiva, focando apenas aspectos mais importantes ou também detalhes específicos.
Os textos descritivos não são, habitualmente, textos autônomos. O que acontece mais frequentemente é a existência de passagens descritivas inseridas em textos narrativos, havendo uma pausa na narração para a descrição de um objeto, pessoa ou lugar.
Exemplos de texto descritivo: folhetos turísticos, cardápios de restaurantes, classificados,...
Saiba mais sobre textos descritivos em: Texto descritivo.

Texto dissertativo (expositivo e argumentativo)

A principal finalidade de um texto dissertativo é informar e esclarecer o leitor através da exposição rigorosa e clara de um determinado assunto ou tema.
Os textos dissertativos podem ser expositivos ou argumentativos. Um texto dissertativo-expositivo visa apenas expor um ponto de vista, não havendo a necessidade de convencer o leitor. Já o texto dissertativo-argumentativo visa persuadir e convencer o leitor a concordar com a tese defendida.
Exemplos de texto dissertativo-expositivo: enciclopédias, resumos escolares, jornais, verbetes de dicionário,... 
Exemplos de texto dissertativo-argumentativo: artigos de opinião, abaixo-assinados, manifestos, sermões,...
Saiba mais sobre textos dissertativos em: Texto dissertativo-expositivo Texto dissertativo-argumentativo

Texto explicativo (injuntivo e prescritivo)

A principal finalidade de um texto explicativo é instruir o leitor acerca de um procedimento. Fornece uma informação que condiciona a conduta do leitor, incitando-o a agir.
Os textos explicativos podem ser injuntivos ou prescritivos. Os textos explicativos injuntivos possibilitam alguma liberdade de atuação ao leitor, enquanto os textos explicativos prescritivos exigem que o leitor proceda de uma determinada forma.
Exemplos de texto explicativo injuntivo: receitas culinárias, manuais de instruções, bula de remédio,...
Exemplos de texto explicativo prescritivo: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos,...
Saiba mais sobre textos explicativos em: Texto explicativo injuntivo e prescritivo.

Tipos textuais X gêneros textuais

Tipos textuais e gêneros textuais são duas categorias diferentes de classificação textual.
Os tipos textuais são modelos abrangentes e fixos que definem e distinguem a estrutura e os aspectos linguísticos de uma narração, descrição, dissertação e explicação. Esses aspectos gerais concretizam-se em situações cotidianas de comunicação nos gêneros textuais, textos flexíveis e adaptáveis que apresentam um intenção comunicativa bem definida e uma função social específica, adequando-se ao uso que se faz deles.
Exemplos de gêneros textuais:
  • Romance;
  • Conto;
  • Crônica;
  • Notícia;
  • Carta;
  • Receita;
  • Manual de instruções;
  • Regulamento;
  • Relato de viagem;
  • Verbete de dicionário;
  • Artigo de opinião;


Maioritariamente escrito em prosa, o texto narrativo é caracterizado por narrar uma história, ou seja, contar uma história através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias. Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo dessa estrutura narrativa são apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.

Principais elementos da narração

Espaço: O espaço se refere ao local onde se desenrola a ação. Pode ser físico (no colégio, no Brasil, na praça,…), social (características do ambiente social) e psicológico (vivências, pensamento e sentimentos do sujeito,…).
Tempo: O tempo se refere à duração da ação e ao desenrolar dos acontecimentos. O tempo cronológico indica a sucessão cronológica dos fatos, pelas horas, dias, anos,… O tempo psicológico se refere às lembranças e vivências das personagens, sendo subjetivo e influenciado pelo estado de espírito das personagens em cada momento.
Personagens: São caracterizadas através de qualidades físicas e psicológicas, podendo essa caracterização ser feita de modo direto (explicitada pelo narrador ou por outras personagens, através de autocaracterização ou heterocaracterização) ou de modo indireto (feita com base nas atitudes e comportamento das personagens).
As personagens possuem diferentes importâncias na narração, havendo personagens principais e personagens secundárias. As personagens principais desempenham papéis essenciais no enredo, podendo ser protagonistas (que deseja, tenta, consegue) ou antagonistas (que dificulta, atrapalha, impede). As personagens secundárias desempenham papéis menores e podem ser coadjuvantes (ajudam as personagens principais em ações secundárias) ou figurantes (ajudam na caracterização de um espaço social).
Podem ser dinâmicas, apresentando diferentes comportamentos ao longo da narração (personagem modelada ou redonda), bem como estáticas, não se modificando no decorrer da ação (personagem plana). Há ainda personagens que representam um grupo específico (personagem-tipo).
Enredo: Também chamado de intriga, trama ou ação, o enredo é composto pelos acontecimentos que ocorrem num determinado tempo e espaço e são vivenciados pelas personagens. As ações seguem-se umas às outras por encadeamento, encaixe e alternância.
Existem ações principais e ações secundárias, mediante a importância que apresentam na narração. Além disso, o enredo pode estar fechado, estando definido e conhecido o final da história, ou aberto, não havendo um final definitivo e conhecido para a narrativa.
Narrador: O narrador é o responsável pela narração, ou seja, é quem conta a história. Existem vários tipos de narrador:
Narrador onisciente e onipresente: Conhece intimamente as personagens e a totalidade do enredo, de forma pormenorizada. Utiliza maioritariamente a narração na 3.ª pessoa, mas pode narrar na 1.ª pessoa, em discurso indireto livre, tendo sua voz confundida com a voz das personagens, tal é o seu conhecimento e intimidade com a narrativa.
Narrador personagem, participante ou presente: Conta a história na 1.ª pessoa, do ponto de vista da personagem que é. Apenas conhece seus próprios pensamentos e as ações que se vão desenrolando, nas quais também participa. Tem conhecimentos limitados sobre as restantes personagens e sobre a totalidade do enredo. Este tipo de narração é mais subjetivo, transmitindo o ponto de vista e as emoções do narrador.
Narrador observador, não participante ou ausente: Limita-se a contar a história, sem se envolver nela. Embora tenha conhecimento das ações, não conhece o íntimo das personagens, mantendo uma narrativa imparcial e objetiva. Utiliza a narração na 3.ª pessoa.
Nos textos narrativos, é através da voz do narrador que conhecemos o desenrolar da história e as ações das personagens, mas é através da voz das personagens que conhecemos as suas ideias, opiniões e sentimentos. A forma como a voz das personagens é introduzida na voz do narrador é chamada de discurso.

Através de uma correta utilização dos tipos de discurso, a narrativa poderá assumir um caráter mais ou menos dinâmico, mais ou menos natural, mais ou menos interessante, mais ou menos objetivo,… Existem três tipos de discurso, ou seja, três formas de introdução das falas das personagens na narrativa:

  • discurso direto é caracterizado por ser uma transcrição exata da fala das personagens, sem participação do narrador.
  • discurso indireto é caracterizado por ser uma intervenção do narrador no discurso ao utilizar as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens.
  • discurso indireto livre é caracterizado por permitir que os acontecimentos sejam narrados em simultâneo, estando as falas das personagens direta e integralmente inseridas dentro do discurso do narrador.

Estrutura narrativa

Os textos narrativos são estruturados em introdução, desenvolvimento e conclusão.
Introdução: A introdução se refere à situação inicial da história. Também chamada de apresentação, é nesta parte da narração que são apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagens, enredo e narrador. Ficamos sabendo quem, quando e onde.
Desenvolvimento: Durante o desenvolvimento do enredo, ocorrem conflitos, ou seja, acontecimentos que quebram o equilíbrio apresentado na introdução, modificando essa situação inicial. Ficamos sabendo o quê e como. No desenvolvimento ocorre também o momento mais tenso e emocionante da história - o clímax.
Conclusão: Também chamada de desfecho, desenlace ou epílogo, a conclusão é a parte da narração em que se resolvem os conflitos (positiva ou negativamente). Fica evidenciada a relação existente entre os diferentes acontecimentos, sendo apresentadas suas consequências.

Exemplo de excerto de texto narrativo:
“E ele, caminhando devagar sob as acácias, sentia no sombrio silêncio as pancadas desordenadas do seu coração. Subiu os três degraus de pedra – que lhe pareciam já de uma casa estranha. (…) Ali ficou. Melanie, com o xale na mão, veio dizer-lhe que a senhora estava na sala das tapeçarias… Carlos entrou. (…) E correu para ele, arrebatou-lhe as mãos, sem poder falar, soluçando, tremendo toda.” (Os Maias, Eça de Queirós)



Textos injuntivos e textos prescritivos são textos cuja finalidade é a instrução do leitor. Não só fornecem uma informação, como incitam à ação, guiando a conduta do leitor.
Embora considerados sinônimos por alguns autores, podemos distinguir os textos injuntivos dos textos prescritivos devido ao grau de obrigatoriedade existente no seguimento das instruções dadas. Os textos injuntivos informam, ajudam, aconselham, recomendam e propõem, dando alguma liberdade de atuação ao interlocutor. Os textos prescritivos obrigam, exigem, ordenam e impõem, exigindo que as determinações sejam cumpridas da forma que estão referidas, sem margem para alterações.

Texto injuntivo

O texto injuntivo (ou instrucional) apresenta as seguintes características:
  • Instrui o leitor acerca de um procedimento;
  • Induz o leitor a proceder de uma determinada forma;
  • Permite a liberdade de atuação ao leitor;
  • Utiliza linguagem objetiva e simples;
  • Utiliza predominantemente verbos no infinitivo, imperativo ou presente do indicativo com indeterminação do sujeito.
Exemplos: receita culinária, bula de remédio, manual de instrução, livro de autoajuda, guia rodoviário,…
Excerto de texto injuntivo:
“Derreta uma colher de sopa de manteiga numa panela em fogo médio. Acrescente uma lata de leite condensado. De seguida, junte quatro colheres de sopa de chocolate em pó. Mexa suavemente, sem parar, até desgrudar do fundo da panela. Despeje a mistura em um recipiente previamente untado e deixe esfriar. Depois, com a ajuda de uma colher de sobremesa, faça pequenas bolas com as mãos e passe-as no chocolate granulado.” (receita de brigadeiro de chocolate)

Texto prescritivo

O texto prescritivo apresenta as seguintes características:
  • Instrui o leitor acerca de um procedimento;
  • Exige que o leitor proceda de uma determinada forma;
  • Não permite a liberdade de atuação ao leitor;
  • Apresenta caráter coercitivo;
  • Utiliza linguagem objetiva e simples;
  • Utiliza predominantemente verbos no infinitivo, imperativo ou presente do indicativo com indeterminação do sujeito.
Exemplos: cláusulas contratuais, leis, códigos, constituição, edital de concursos públicos, regras de trânsito,…
Excerto de texto prescritivo:
“O pedido de isenção deverá ser solicitado, das 12 horas do dia 22 de abril de 2015 até as 16 horas do dia 4 de maio de 2015. Esta solicitação deverá ser caracterizada no Requerimento de Inscrição, em campo próprio, devendo o candidato informar o seu Número de Identificação Social – NIS, atribuído pelo Cadastro Único – CadÚnico.” (Edital N.° 101/ 2015 - Universidade Federal Fluminense).




Texto e discurso são elementos complementares de qualquer circunstância enunciativa. A linguagem, vista como um sistema de significados formalmente codificados, deve ser analisada em uso, relacionando texto e discurso.
O discurso apresenta-se como um pensamento coletivo, ou seja, um conjunto de ideias comuns, partilhadas por um grupo. O texto é a manifestação concreta do discurso através de uma forma de linguagem, que pode ser verbal ou não verbal: literatura, pintura, música, fotografia,...

Características do discurso

  • Representa diferentes ideologias e formas de compreensão da realidade.
  • Expressa um conjunto de valores, princípios, práticas e significados que transcendem o texto, enquadrando-os numa esfera de atividade social.
  • Encontra-se instituído histórica, social e culturalmente, contribuindo assim para a definição do contexto.

Características do texto

  • É uma unidade linguística materializada e provida de intenção comunicativa.
  • Apresenta um sentido completo desenvolvido numa estrutura formal.
  • Manifesta-se de forma verbal ou não verbal.

Gêneros textuais são textos que exercem uma função social específica, ou seja, ocorrem em situações cotidianas de comunicação e apresentam uma intenção comunicativa bem definida. Os diferentes gêneros textuais se adequam ao uso que se faz deles. Adequam-se, principalmente, ao objetivo do texto, ao emissor e ao receptor da mensagem e ao contexto em que se realiza.
Embora os diferentes gêneros textuais apresentem estruturas específicas, com características próprias, é importante que os concebamos como flexíveis e adaptáveis, ou seja, que não definamos a sua estrutura como fixa. Os gêneros textuais possuem transmutabilidade, ou seja, é possível que se criem novos gêneros a partir dos gêneros já existentes para responder a novas necessidades de comunicação. São adaptáveis e estão em constante evolução.

Exemplos de gêneros textuais

  • Romance;
  • Conto;
  • Fábula;
  • Lenda;
  • Novela;
  • Crônica;
  • Notícia;
  • Ensaio;
  • Editorial;
  • Resenha;
  • Monografia;
  • Reportagem;
  • Relatório científico;
  • Relato histórico;
  • Relato de viagem;
  • Carta;
  • E-mail;
  • Abaixo-assinado;
  • Artigo de opinião;
  • Diário;
  • Biografia;
  • Entrevista;
  • Curriculum vitae;
  • Verbete de dicionário;
  • Receita;
  • Regulamento;
  • Manual de instruções;
  • Bula de medicamento;
  • Regras de um jogo;
  • Lista de compras;
  • Cardápio de restaurante;
  • ...

Gêneros textuais X tipos textuais

Gêneros textuais e tipos textuais são duas categorias diferentes de classificação textual.
Os tipos textuais são modelos abrangentes e fixos que definem e distinguem a estrutura e os aspectos linguísticos de uma narração, descrição, dissertação e explicação. Esses aspectos gerais concretizam-se em situações cotidianas de comunicação nos gêneros textuais, textos flexíveis e adaptáveis que apresentam um intenção comunicativa bem definida e uma função social específica, adequando-se ao uso que se faz deles.
Exemplos de tipos textuais:
  • Texto narrativo;
  • Texto descritivo;
  • Texto dissertativo expositivo;
  • Texto dissertativo argumentativo;
  • Texto explicativo injuntivo;
  • Texto explicativo prescritivo.

Gêneros textuais X gêneros literários

Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros literários se referem apenas aos textos literários.
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características formais comuns em obras literárias, agrupando-as conforme critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
Exemplos de gêneros literários:
  • Gênero lírico;
  • Gênero épico ou narrativo;
  • Gênero dramático.