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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Perfil de Poeta 3 - Ana Carol - Diretamente de Portugal


1. Quando começou a escrever poesia? 
Eu nasci poeta. Mas só aos 9 anos de idade descobri que aquilo que eu fazia por paixão, inclusive quando escrevia, se chamava poesia. Então, considero essa a data inicial.

2. Quais são seus/suas poetas preferidos? 
Manoel de Barros, Viviane Mosé e Rupi Kaur

3. O que é Literatura pra você? 
É um transplante de força energética de uma pessoa para outra, através da escrita.

4. Como é seu processo de escrita? 
Estou começando agora a ter uma rotina mais regrada para escrita, mas com as poesias, eu sempre escrevi no momento em que viesse a inspiração. Muitas vezes tive que parar o que estava fazendo, correr para pegar papel e caneta pois as palavras insistiam em sair como uma forte enxurrada de sentimentos querendo vir à tona. É quase uma necessidade fisiológica.(risos)

5. Pretende usar a poesia de maneira atuante em suas práticas como futura professora? 
Não planejo nada, apenas procuro viver cada dia da melhor maneira possível e sim, a poesia sempre faz os meus dias serem melhores. Considero importante a sua atuação em tudo o que faço.



A inadequada

Existia uma menina
que a nada se adaptava,
desde pequenina
ela destoava.

Ser sempre diferente
muitas vezes a chateava.
Pra parecer com toda a gente,
de tudo experimentava.

Desde capa de adulto
a sapato de criança,
desde o livro mais culto
a discursos de esperança.
Tudo era para ela
uma oportunidade de tentar.
Vivia de sentinela
a espera de achar um lar.

Mas nada a completava
e quanto mais procurava
mais confusa ficava.
Quem sou eu?
Questionava.

Sabia que era forte
mas parecia tão frágil,
na calma tinha mais sorte
mas ela queria ser ágil
porque o mundo lhe dizia
que era preciso correr
e que na vida só vencia
quem na pressa tinha poder.

Há que se adaptar a pressão
e se adequar ao padrão.
Há que aceitar a convenção
e nem pense em dizer não!

Ela não entendia o porquê
mas a maioria aceitava.
Então, fazer o que?
Assim que o mundo funcionava.
E com esse pensamento
mais uma vez ela arriscava.
Engolia o descontentamento
e à guerra se alistava.
Era o certo a fazer,
o mundo lhe afirmava.
E mesmo sem compreender
ela se entregava.

Um dia ao regressar
de mais uma luta indesejada,
com lágrimas a rolar
e a alma toda quebrada,
ela olhou para as feridas
recém magoadas
e para as cicatrizes adquiridas
nas batalhas passadas
e resolveu dar um basta
e abandonar a arena,
tanta energia havia sido gasta
em algo que não valia a pena.

A menina resolveu aceitar
que não poderia se adaptar
e que não ser igual
não era assim tão mal.
Agora ela podia escolher
o seu próprio caminho
e passou a entender
que ela era seu próprio ninho.
Assim ganhou a liberdade
de voar quando bem quer
e a possibilidade
de saber quem ela é.

Dizem que atualmente
já não se sente envergonhada
em responder prontamente
quando é questionada,
afirmando sempre contente:
Eu sou a inadequada!

ACESSE O LINK DO VÍDEO A SEGUIR:



terça-feira, 16 de outubro de 2018

Perfil de Poeta 2 - Suelen Domingos


Perfil de Poeta 2 - Suelen Domingos 


1. Quando começou a escrever poesia?
A primeira vez que escrevi poesia foi no ano 2000 nas oficinas de poesias as quais eu participava na escola.

2. Quais são seus/suas poetas preferidos?
Atualmente minha companheira de cabeceira é a Florbela Espanca.

3. O que é Literatura pra você?
A literatura pra mim é a própria vida.
É o que nos salva e nos liberta.
É transformadora para quem se entrega e um grande paradoxo para quem está de fora.

4. Como é seu processo de escrita?
É preciso que algo toque a minha alma. Algo que não seja possível dizer naquele momento. Algo que tenha a necessidade de ser organizado dentro de mim. Seja uma lembrança, uma vivência, a vivência do outro, um sonho, um filme, uma música... O movimento do mundo me inspira e quando esse ALGO em especial me toca é o bastante para eu escrever.

5. Pretende usar a poesia de maneira atuante em suas práticas como futura professora?
Quando a gente escolhe a poesia ou é escolhido pela poesia, ela se faz presente em todos os seguimentos da nossa vida. Como eu não imagino a minha vida sem poesia, também é impossível imaginar as minhas aulas sem poesia. Atualmente, trabalhando na educação infantil, vez ou outra escolho um tema da vivência das crianças e construímos poesia juntos nos momentos de atividades livres. Acredito que não seja fácil se separar da poesia e nem tenho essa pretensão.
A poesia pode salvar vidas, mas ainda é muito subestimada.




Um grãozinho de alguma coisa
Suelen Domingos

O que eu sou?
Eu sou um grãozinho de alguma coisa
Em algum lugar.
Eu sou uma confusão jeitosinha
Mas, difícil de arrumar.
Sou um eterno sonho,
Eu não consigo acordar.
Sou tão minha
E tão tua,
E dele,
E dela...
Esse é o meu problema.
Sou a que vai
E quando vê, já foi.
Que chora,
Que recita.
Sou a que insiste
No que faz o coração vibrar.
Mas, que desiste
De tudo e todos
Que sejam capaz de me apagar.
Sou dos contos e dos contatos,
Dos abraços,
Dos amassos,
Dos beijinhos e dos beijaços.
E no mundo...
Tô sozinha.
Tô na tua.
Tô na minha.
Quando rasa, sou profunda.
Acredito no poder do amor
E que só ele cura.
Toc Toc.
Quem é?
Sou eu, me toque.
Se toque.
E me colhe,
Pois, eu era um grãozinho de alguma coisa
E ainda agora...
floresci.




Meu convento
Suelen Domingos

Minha clausura.
Na penumbra de minh'alma
Me converti a mim.
Nada de fora passa.

Não entra.
Nem me ameaça.
Só tu.
Que me viu
E achou graça.
E sou
Tão cheia de graça.
E tu,
Personificação da desgraça.
Adentrou sem alarde.
Fez tua minha cela.
Me doem os joelhos.
Depois de tanta reza.
Encontro um risinho de satisfação
No teu rosto faceiro.
Serviu-se dos meus doces.
E agora lambe os beiços.
Vai!
E talvez pra nunca mais.
Meu convento,
Minhas regras.
Se foi,
E deixou as portas abertas.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Perfil de poeta 1: Isabela Cordeiro

ISABELA CORDEIRO - PROFESSORA E POETA








1. Quando começou a escrever poesia? Em 2015, quando estava no segundo ano do Ensino Médio.   2. Quais são seus/suas poetas preferidos? Fernando Pessoa e Mario Benedetti. 3. O que é Literatura pra vc? Definiria com todos os clichês já conhecidos; porém, como acredito que a vida é um enorme clichê, literatura, para mim, é a representação da vida. 4. Como é seu processo de escrita? Tenho dois processos bem parecidos. O primeiro é de inspiração imediata, quando o poema surge em meio aos pensamentos e apenas tenho o trabalho de anotá-lo. O segundo é quando penso, ouço ou leio algo que me inspira, mas não consigo formular algo concreto. Nesse caso, eu anoto a ideia até que o poema surja. Não costumo pensar muito nos versos, eles apenas vem. 5. Pretende usar a poesia de maneira atuante em suas práticas como futura professora? Com certeza, não acho que poderia fazer diferente. É algo natural.



A boa mentira Isabela Cordeiro
"O sol é para todos" me disseram uma vez "Todos têm direito à felicidade" É verdade, mas não me diga isso. Meu sol não brilha e a felicidade não me conhece. Serei eu indigno de tal direito? Talvez veja o mundo da forma errada. Ou da única forma verdadeira. Não sei, não existe resposta. Apenas sei o que sei. Nem todos podem ser felizes. Nem todos podem sorrir sinceramente. Eu, pelo menos, não posso.


Chega Isabela Cordeiro
Não, eu não mereço isso Pagar um crime não cometido Sofrer um amor mal resolvido Chorar um fim não decidido Eu não mereço isso Lutar uma guerra não declarada Desistir sem estar fracassada Emudecer sem ter dito nada Eu não mereço isso Talvez, até mereça, mas não quero.


Alessandra Mazeliah, escreve belo poema a respeito da obra Dom Casmurro e dá voz à personagem Capitu.

Não errei
Alessandra Mazeliah

Ao olhar-me no espelho e perceber que o tempo passa depressa Reflito sobre minha vida e concluo que te amei Sim, eu te amei Foi amor de menina, moça e mulher Foi amor de total entrega Mas hoje sofro Sofro tua ausência, tua desconfiança Preferi me calar, não dá para lutar contra sua teimosia, sua verdade Justo eu que sempre me desvencilhei tão bem dos problemas, vejo-me agora calada pois nunca pensei ter que explicar o que não tem explicação. Meus olhos de ressaca pelos quais você se apaixonou Hoje tornaram-se o ponto inicial da tua desconfiança Meu olhar que sempre foi teu... Aliás, tudo em mim sempre foi teu! Dei-te meu amor, meu corpo, minha vida Esperei por você e com você fui feliz Mas, sua verdade nos afastou... Como resposta ao amor que sempre lhe devotei, deste-me o exílio Como é difícil escrever estas palavras! Apenas esta vez e nestas linhas direi a minha verdade! Poderíamos terminar essa história de uma forma linda,mas já que não deu Deixo-te meu adeus Sua Capitolina




Letícia Persiles - Atriz - Interpretou a personagem Capitu em uma minissérie.


 --- (...) Deixe ver os olhos Capitu.         Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua, dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiado neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...         Retórica dos namorados, dá-me uma comparação clique aqui exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, em quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. (...)                                                     Machado de Assis, Dom Casmurro.