Perfil de Poeta 2 - Suelen Domingos
1. Quando começou a escrever poesia?
A primeira vez que escrevi poesia foi no ano 2000 nas oficinas
de poesias as quais eu participava na escola.
2. Quais são seus/suas poetas preferidos?
Atualmente minha companheira de cabeceira é a Florbela
Espanca.
3. O que é Literatura pra você?
A literatura pra mim é a própria vida.
É o que nos salva e nos liberta.
É transformadora para quem se entrega e um grande paradoxo
para quem está de fora.
4. Como é seu processo de escrita?
É preciso que algo toque a minha alma. Algo que não seja
possível dizer naquele momento. Algo que tenha a necessidade de ser organizado
dentro de mim. Seja uma lembrança, uma vivência, a vivência do outro, um sonho,
um filme, uma música... O movimento do mundo me inspira e quando esse ALGO em
especial me toca é o bastante para eu escrever.
5. Pretende usar a poesia de maneira atuante em suas
práticas como futura professora?
Quando a gente escolhe a poesia ou é escolhido pela poesia,
ela se faz presente em todos os seguimentos da nossa vida. Como eu não imagino
a minha vida sem poesia, também é impossível imaginar as minhas aulas sem
poesia. Atualmente, trabalhando na educação infantil, vez ou outra
escolho um tema da vivência das crianças e construímos poesia juntos nos
momentos de atividades livres. Acredito que não seja fácil se separar da poesia e nem tenho
essa pretensão.
A poesia pode salvar vidas, mas ainda é muito subestimada.
Um grãozinho de alguma coisa
Suelen Domingos
O que eu sou?
Eu sou um grãozinho de alguma coisa
Em algum lugar.
Eu sou uma confusão jeitosinha
Mas, difícil de arrumar.
Sou um eterno sonho,
Eu não consigo acordar.
Sou tão minha
E tão tua,
E dele,
E dela...
Esse é o meu problema.
Sou a que vai
E quando vê, já foi.
Que chora,
Que recita.
Sou a que insiste
No que faz o coração vibrar.
Mas, que desiste
De tudo e todos
Que sejam capaz de me apagar.
Sou dos contos e dos contatos,
Dos abraços,
Dos amassos,
Dos beijinhos e dos beijaços.
E no mundo...
Tô sozinha.
Tô na tua.
Tô na minha.
Quando rasa, sou profunda.
Acredito no poder do amor
E que só ele cura.
Toc Toc.
Quem é?
Sou eu, me toque.
Se toque.
E me colhe,
Pois, eu era um grãozinho de alguma coisa
E ainda agora...
floresci.
Meu convento
Suelen Domingos
Minha clausura.
Na penumbra de minh'alma
Me converti a mim.
Nada de fora passa.
Não entra.
Nem me ameaça.
Só tu.
Que me viu
E achou graça.
E sou
Tão cheia de graça.
E tu,
Personificação da desgraça.
Adentrou sem alarde.
Fez tua minha cela.
Me doem os joelhos.
Depois de tanta reza.
Encontro um risinho de satisfação
No teu rosto faceiro.
Serviu-se dos meus doces.
E agora lambe os beiços.
Vai!
E talvez pra nunca mais.
Meu convento,
Minhas regras.
Se foi,
E deixou as portas abertas.
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