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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Alessandra Mazeliah, escreve belo poema a respeito da obra Dom Casmurro e dá voz à personagem Capitu.

Não errei
Alessandra Mazeliah

Ao olhar-me no espelho e perceber que o tempo passa depressa Reflito sobre minha vida e concluo que te amei Sim, eu te amei Foi amor de menina, moça e mulher Foi amor de total entrega Mas hoje sofro Sofro tua ausência, tua desconfiança Preferi me calar, não dá para lutar contra sua teimosia, sua verdade Justo eu que sempre me desvencilhei tão bem dos problemas, vejo-me agora calada pois nunca pensei ter que explicar o que não tem explicação. Meus olhos de ressaca pelos quais você se apaixonou Hoje tornaram-se o ponto inicial da tua desconfiança Meu olhar que sempre foi teu... Aliás, tudo em mim sempre foi teu! Dei-te meu amor, meu corpo, minha vida Esperei por você e com você fui feliz Mas, sua verdade nos afastou... Como resposta ao amor que sempre lhe devotei, deste-me o exílio Como é difícil escrever estas palavras! Apenas esta vez e nestas linhas direi a minha verdade! Poderíamos terminar essa história de uma forma linda,mas já que não deu Deixo-te meu adeus Sua Capitolina




Letícia Persiles - Atriz - Interpretou a personagem Capitu em uma minissérie.


 --- (...) Deixe ver os olhos Capitu.         Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua, dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiado neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...         Retórica dos namorados, dá-me uma comparação clique aqui exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, em quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. (...)                                                     Machado de Assis, Dom Casmurro.

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