Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)
Idealização e Produção: Erivelto Reis
Faixa 8 - Sete Luas - Natália Correia - [Só o nosso nome estava certo]
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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fada - Voz feminina adulta - Acústico. Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que alguém tenha uma reflexão sobre a existência de forma suave, algo nostálgica, comparando a vida às fases da lua e suas possíveis influências na vida das pessoas, especialmente em relação ao destino e aos afetos. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Sete Luas Natália Correia Há noites que são feitas dos meus braços e um silencio comum às violetas e há sete luas que são sete traços de sete noites que nunca foram feitas Há noites que levamos à cintura como um cinto de grandes borboletas E um risco a sangue na nossa carne escura de uma espada à bainha de um cometa Há noites que nos deixam para trás enrolados no nosso desencanto e cisnes brancos que só são iguais à mais longinqua onda de seu canto Há noites que nos levam para onde o fantasma de nós fica mais perto: e é sempre a nossa voz que nos responde e só o nosso nome estava certo. Breve Biografia de Natália Correia Natália de Oliveira Correia (Gafanha da Nazaré, 9 de junho de 1923 – Lisboa, 16 de março de 1993) foi uma destacada intelectual, escritora, poetisa, jornalista, dramaturga, ensaísta e ativista política portuguesa. Considerada uma das figuras mais relevantes da literatura portuguesa do século XX, Natália Correia distinguiu-se pela sua escrita ousada, interventiva e profundamente lírica. Desde cedo demonstrou um talento precoce para a escrita, publicando o seu primeiro livro de poemas, "Rio de Mistérios", em 1945. A sua poesia é marcada por uma forte sensualidade e uma crítica social e política incisiva, frequentemente abordando temas como a liberdade, a justiça, a condição feminina e a hipocrisia da sociedade. A sua linguagem é rica, musical e carregada de imagens fortes e originais. Para além da sua atividade literária, Natália Correia foi uma figura ativa na vida política e cultural portuguesa. Durante o regime do Estado Novo, manifestou-se contra a ditadura, o que lhe valeu perseguições e censura. Após a Revolução dos Cravos, em 1974, continuou a participar ativamente no debate público, defendendo as suas convicções com paixão e inteligência. Foi deputada à Assembleia da República pelo Partido Socialista entre 1980 e 1991. Natália Correia deixou um legado indelével na literatura e na cultura portuguesa, sendo reconhecida pela sua coragem, pela sua escrita inovadora e pela sua defesa intransigente da liberdade e da dignidade humana. Comentário do Poema "Sete Luas" Este poema "Sete Luas" de Natália Correia é uma meditação lírica e evocativa sobre a natureza das noites, a sua relação com a experiência pessoal e a fronteira entre o real e o imaginário. Através de imagens vívidas e associações surpreendentes, a autora constrói uma atmosfera onírica e introspectiva. A primeira estrofe estabelece um paralelismo entre a intimidade e a beleza natural. Essa fusão do eu com o mundo natural cria uma sensação de conforto e quietude. No entanto, a introdução instaura um mistério e uma dimensão de potencialidade não realizada. Essas luas não são concretas, mas sim marcas de experiências ausentes, de noites que existiram apenas na imaginação ou no desejo. A segunda estrofe intensifica a carga simbólica e a sensualidade. As noites são personificadas, sugerindo uma beleza frágil e vibrante, algo que se carrega consigo, talvez como uma lembrança ou um segredo. Evoca uma ferida, uma marca profunda, talvez resultante de um encontro intenso e fugaz, comparado à trajetória veloz e luminosa de um cometa. A bainha da espada, associada ao cometa, sugere algo contido, mas com um potencial destrutivo ou transformador. A terceira estrofe aborda a sensação de perda e desencontro. A imagem é melancólica e sugere uma beleza distante, quase inatingível, que ecoa a solidão do eu lírico. A quarta e última estrofe mergulha na introspecção e na busca pela identidade. Sugerindo um confronto com as nossas próprias sombras, com o nosso eu mais profundo e talvez esquecido. No poema, as noites não são meros períodos de escuridão, mas sim espaços carregados de significado, de emoções e de possibilidades.
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