Rio + ou – 20?
Carlos Alberto Loureiro
FEUC - 1º período de Letras - Português/Inglês
Turno: noturno
Disciplina: Oficina de Produção de Texto
FEUC - 1º período de Letras - Português/Inglês
Turno: noturno
Disciplina: Oficina de Produção de Texto
Prof. Erivelto Reis
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio + 20 - realizada na cidade do Rio de Janeiro no mês de junho de 2012, se apresentou sob o tema “O Futuro que Queremos”, e com a proposta de fazer um balanço dos pontos acordados na Cúpula da Terra - a Eco 92 - analisando os pontos que não obtiveram os resultados esperados após vinte anos, bem como abordar e discutir diversos temas da atualidade relacionados com o desenvolvimento sustentável.
Três objetivos principais nortearam as discussões nesta Conferência que reuniu representantes de 192 países: equidade social, desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
Com a participação de diversos setores da sociedade civil, representados por Organizações não Governamentais (ONGs), grupos indígenas, empresários, comunidades da área de ciência e tecnologia, produtores rurais, entre outros, que expuseram seu posicionamento dentro dos tópicos relacionados, as discussões avançam sem um horizonte visível, ou seja, não se chega a um consenso sobre prioridades. O que representa necessidade para uns, torna-se supérfluo ou oneroso para outros.
A crise financeira mundial colocou um tempero picante nas reuniões. Como tratar de equidade, desenvolvimento e sustentabilidade, sem tocar no assunto economia? Como tratar de economia sem definir diretrizes e bases para os países que dependem de ajuda financeira.
Em um momento tão delicado no cenário econômico mundial, as decisões têm que ser tomadas sem afetar os interesses das nações mais abastadas, nem sacrificar as necessidades das nações menos privilegiadas.
Por mais estranho que possa soar, as frases abaixo partem de um líder político considerado extremista e polêmico. Um dos poucos, em seu discurso, a se referir à questão da igualdade entre os povos.
“Não devemos buscar hegemonia à custa de outros povos e seres humanos que habitam o planeta.”
"Os seres humanos não são rivais, mas amigos e companheiros que se completam. A felicidade de um não pode ser às custas do outro.”
(Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã)
(Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã)
No mais, o que se viu foi um leilão de nosso planeta, onde as propostas são aceitas mediante garantias e vantagens.
O discurso é eloquente, as propostas estimulantes, mas, na prática, não funciona, pois todos estão preocupados com seus interesses pessoais, parecem que não têm perspectiva no futuro.
Um dos momentos mais emocionantes, e que ilustra a afirmativa anterior, foi alcançado com as palavras da estudante neozelandesa de apenas 17 anos, Brittany Trifforde. Onde demonstra o descaso no cumprimento das metas traçadas na Eco 92.
"Essas promessas (de 1992) não foram quebradas, mas esvaziadas."
Aproveita ainda para, em nome de todas as crianças do planeta, fazer um apelo aos dirigentes de todas as nações.
"Neste momento, sou todas as crianças. Suas crianças. As três bilhões de crianças do mundo. Pense em mim como metade do mundo. Estou aqui com fogo no meu coração. Estou confusa e brava com o estado do mundo."
"Vocês estão aqui para salvar as suas peles ou para nos salvar?"
“Com todo respeito, muitos de vocês já terão morrido antes que as consequências ambientais de seus atos apareçam... Mas e meus filhos? E os filhos de meus filhos?”
(Brittany Trifforde)
Os países considerados “ricos”, não abrem mão de seus modelos de produção, subsídios e desrespeito ao meio ambiente. Querem resolver a questão ambiental impondo soluções paliativas sem ouvir os setores da sociedade civil que, verdadeiramente, lutam por melhores condições de vida para a população, melhor distribuição de renda e um modelo de desenvolvimento sustentável que, realmente, se preocupa com o futuro das gerações vindouras.
Para exemplificar o que acaba de ser dito, é só perceber que, as manifestações realizadas por representantes das diversas entidades que participaram deste momento histórico, no período da Rio+20, não foram amplamente noticiadas nos meios de comunicação, ou seja, as manifestações populares não tiveram o mesmo destaque que a reunião da alta cúpula de dirigentes dos países participantes.
As reuniões realizadas na Cúpula dos Povos no Aterro do Flamengo, a passeata que reuniu cerca de 80.000 pessoas na Avenida Rio Branco e as diversas manifestações isoladas, não tiveram cobertura significativa nos noticiários e imprensa escrita, as informações relativas a estas atividades foram disponibilizadas em sua maior parte na internet, que não é do alcance de todos os segmentos da sociedade.
O nível cultural - se assim podemos classificar – das pessoas que procuram informações neste meio de comunicação não é o da maioria da população, portanto, aqueles que não estiverem demasiadamente estimulados, não buscarão tais informações.
Enfim, ficam as perguntas: Rio + ou – 20? Avançamos ou regredimos com esse evento?
Talvez tenhamos que aguardar mais vinte anos para conhecer os resultados dessas promessas, e, quem sabe, teremos a sorte de não ser tarde demais.
Referências:
CAMPOS, Antonio.Preservar é preciso e urgente. Disponível em:
<http://www.jb.com.br/antonio-campos/noticias/2012/06/27/rio-20-preservar-e-preciso-e-urgente/>.Acesso em:29 jun.2012.
OFFICIAL DOCUMENTS SYSTEM OF THE UNITED NATIONS, 2012. Disponível em:
http://daccess-dds-doc/UNDOC/GEN/N12/381/67//PDF/N1238167.pdf?Openlement. Acesso em:29 jun.2012.
FRASES DA CÚPULA DE ALTO NÍVEL. Disponível em:
<http://g1.globo.com/natureza/rio20/noticia/2012/06/veja-frases-da-cupula-de-alto-nivel-da-rio20.html>.Acesso em: 29 jun.2012.
Enviado por:
Carlos Alberto Loureiro
FEUC - 1º Período de Letras – Português/Inglês
Turno: Noturno
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