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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Texto: "A literatura como essência humana" e dois poemas de Isabela Cordeiro dos Santos

Isabela Cordeiro dos Santos:
"Não se acaba uma leitura sem que um pedacinho dela fique em você..."



A LITERATURA COMO ESSÊNCIA HUMANA, 
COM BASE NA OBRA “TEMPOS DE PAZ”

ISABELA CORDEIRO DOS SANTOS


Na obra “Tempos de paz”, o personagem Clausewitz, ex-ator polonês, se encontra na necessidade de usar todo seu talento e conhecimentos literários a fim de conseguir permissão para entrar no Brasil, pós Segunda Guerra Mundiais. Ele chega ao país como agricultor, pois acredita que, após toda a barbárie vivenciada no mundo, o teatro já não tinha sentido, nem função. Porém, ao se encontrar na missão de fazer o funcionário da alfândega, Segismundo, chorar – condição imposta para entrar no país, inicia-se um diálogo quase confessional entre os personagens, que se desenrola até uma verdadeira encenação teatral. Se apropriando do texto de “La vida es sueño”, de Calderón de la Barca, como se fosse uma memória pessoal, ele conseguiu emocionar Segismundo e entrar no Brasil.
Com cena de Clausewitz, percebemos que a arte, o teatro e, consequentemente, a literatura emocionará e fará sentido, independente do contexto sócio histórico, pois a essência humana é imutável. A literatura é a representação da alma humana: esperanças, crenças, alegrias, prazeres, dores, temores, preconceitos, indiferenças, indignações; quaisquer sentimentos que inquietem a imaginação humana. Exatamente por isso, tenho confiança em afirmar que conhecer e se apaixonar por literatura é uma jornada de compreensão de tudo que nos torna humanos. É descobrir que aquilo que admiramos em um personagem é o que nos falta, e aquilo que odiamos, muitas vezes, nos sobra.
Não saberia dizer quando, nem como, comecei a ler por prazer, mas sei que foi com a leitura de Pollyanna, de Eleanor H. Porter, que embarquei no mundo literário. Quando penso nisso, percebo que ler sobre uma garota da minha idade, com uma vida tão mais difícil e que via o mundo de forma com tanta alegria, me fez admirar o otimismo que me faltava. Nunca fui capaz de jogar o “Jogo do contente” e me pergunto se alguém já conseguiu, mas conhecer Pollyanna e todos os moradores de sua triste cidade me ensinou empatia, que as pessoas têm motivos para seus atos, mesmo os egoístas e cruéis. Essa é a habilidade mais nobre da literatura: mostrar-nos pontos de vista.
Isso se torna mais evidente ao lermos diferentes tipos de livros, de diferentes países e culturas. Um livro britânico não vai apresentará a mesma visão de mundo que um livro japonês, ou francês. Contudo, não é necessário ter lido literatura de quinze países diferentes para perceber essa variação de visões. Como dito antes, a literatura reflete o ser humano, porém esse reflexo submetido ao filtro do escritor, pela sua forma de ver o mundo. Sendo assim, ler livros de três autores, do mesmo país e mesmo período histórico, pode ser suficiente para que encontremos três visões diferentes, mesmo que semelhantes em alguns aspectos.
Assim, a literatura não e simplesmente lida, é vivida. Não se acaba uma leitura sem que um pedacinho dela fique em você, e não há por que resistir a isso. O maior, e talvez mais assustador, efeito colateral é a jornada inconsciente pelo autoconhecimento, sempre que algo incomoda e provoca, sem prévio aviso. E a melhor saída é nos deixar instigar pelas provocações e mergulhar nessa jornada, sem temores. A literatura é a maior arma contra a solidão da alma e a insensibilidade, um remédio sem contra-indicações.



Não sou o mar
Isabela Cordeiro dos Santos


Passos na areia
apagados pelo mar.
Não posso voltar,
não vejo nada.
Quem fui, quem sou
O mar também levou isso.
Espreito o caminho percorrido:
Nada.
Enfrento o caminho que sigo:
Nada.
E, assim, finalmente entendo
Não sou nada.


 Primavera da alma
Isabela Cordeiro dos Santos

O rio furioso
A pétala suave
Repousa e amansa

O mar revolto
Ao som do violino
Recua e espera

O vento gélido
Perfuma o mundo
Em brisa gentil

O pensamento confuso
Se anima e acalma
Ao som da poesia.        







Dois poemas de Flávio Pimentel, ou quando o amor faz a poesia aflorar.

Flávio Pimentel: Filósofo, "Poeta bissexto", músico e compositor.
Um poeta onírico, em constante alumbramento, num mundo em desassombro. 



Eu não quero ser o homem que você sonhava
Flávio Pimentel

Eu não quero ser o homem
Que você sonhava.
Quero ser a lava
Inflamada do vulcão
Quando você me estende a mão
Pedindo água.
Não quero o retrato
Que você amava,
Empoeirado na estante,
De um casal estátua.
Bigode, vestido,
Terno e gravata,
E um tédio emoldurando
O preto e branco sem graça.
Prefiro ser o nó na garganta
Que te aperta contra a mágoa,
O imperfeito vacilo
De que vc falava,
A dor no teu dente,
E a serpente
Que te morde e tara
Sem te deixar dormir.
Quero ser teu problema,
Teu desdentado pente,
Quero ser teu poente
E teu poema,
Este que você escreve
Pra se reconstruir
Depois de horas difíceis.
Eu quero ser o teu fim,
O perto e o longe de mim,
Teu amor e tua raiva
Na tensão do dia,
Tudo o que não caiba
Em velha fotografia,
A insônia contra a anestesia.
Prefiro ser tua sede
Do que tua poesia.


Para Bruna Rosa
Beijei lábios e dentes e olhos e garras,
mas também lágrimas, porque seu sabor enternece.
Se me desmonto pelos olhos
É porque respeito meus poentes
Assim como meus dias de sol.
Sacrifícios me trocam a pele.
Num ritual só meu, me despi de minhas armas,
depositei-as num canto inabitado do quintal
sem nenhuma prece.
Pedi licença aos deuses,
entidades, memórias
e eles me entenderam.
Deixaram-me só,
criança boquiaberta sob o céu,
num arco aviso algum faiscando.
Ventos passaram por mim como aves,
tempestades, procelas.
Saí na chuva sem camisa.
Larguei o aço.
Ninguém é de ferro.





sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Texto: "Em todos nós insopitável Literatura:do início ao fim", e outros dois poemas de João Ricardo

João Ricardo se autodefine:
    “Apenas um universitário apaixonado cuja alma “lítera” correlaciona galáxias de informações de um espaço infinito de acontecimentos da história humana.” 16/5/2018.




Em todos nós insopitável Literatura
Do início ao fim

Fundamentalmente, a literatura possui a função de provocar inquietude na mentalidade humana quanto aos seus aspectos socioculturais; emocionais; espirituais e imaginativos, desenvolvendo a capacidade crítica do indivíduo juntamente com sua criatividade no espaço em que vive, concebendo, assim, uma engrenagem retroalimentar.  

Sendo a curiosidade o cerne da inteligência, pode-se afirmar que o infinito arcabouço de possibilidades fomentadoras do intelecto advindas do processo criativo literário é indubitavelmente o assentamento consistente e correlativo nos processos de desenvolvimento individual desde a tenra idade.   

Eu vi (e vivi), por exemplo, em narrativas infanto-juvenis de cunho moralizante, como em “Fábulas de Esopo”, que o poder da trajetória da linguagem atravessa gerações, sendo objeto de fundamentação da identidade tanto quanto da percepção ética coletiva. As tiradas morais do fabulista grego supracitado inspirou autores icônicos: Heródoto; Platão; Aristófanes; entre outros.

E na literariedade contemporânea nota-se fenômenos editoriais de autoajuda, cuja vendagem retrata a procura imutável da humanidade por respostas na literatura às suas angustias existenciais, opondo-se à lógica mecanizada das necessidades de uma sociedade modernizada, eivada pela rotina labutar que, a partir da própria degeneração, busca recuperar-se através de estudo holístico.

Também amparando a premissa susodita, a obra cinematográfica “Tempos de Paz” delineia a rendição psicoemocional de um carrasco burocrata frente ao lirismo teatral prodigioso do protagonista em um contexto histórico de desumanidade global normatizada na Segunda Grande Guerra. Isto é, a arte tem o poder de fazer até um carrasco por ofício pôr-se a chorar, pois a produção literária tem a função de movimentar a miscelânea aflitiva dos sentimentos vívidos das mentes pensantes que habitam a face desta terra. 

Portanto, quando o Homem nasce, logo terá de construir-se no irrestrito universo de ideias para um dia conviver na agitada coletividade social. Todavia, assim que o corpo fenecer, haverá de recolher-se quase que tão somente às ideias, aos ideais e às lembranças construídas na conclusão da trajetória. E até os tempos atuais, não há mecanismo mais eficiente de ordenação para esta complexidade específica do que a Literatura.   

    
Referências
CARUSO, Carla. Fábula - Quem foi Esopo?. [S. l.: s. n.], [201-]. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/fabula-quem-foi-esopo.htm. Acesso em: 16 fev. 2019.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. "O fenômeno dos livros de autoajuda" é o tema do Ciência & Letras. [S. l.: s. n.], 08/06/2017. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/o-fenomeno-dos-livros-de-autoajuda-e-o-tema-do-ciencia-letras. Acesso em: 16 fev. 2019.
MACIEL, Willyans. Holismo. [S. l.: s. n.], [201-]. Disponível em: https://www.infoescola.com/filosofia/holismo/. Acesso em: 16 fev. 2019.


#publicameutexto


Aluno: João Ricardo Medeiros de Oliveira
Curso: Letras Espanhol 
Período: 5° 


João Ricardo:
"Não aceito críticas 'construtivas' de quem nunca construiu nada!"



Cárcere de Balda
João Ricardo

Pecha vinda de amigo
Pedras na mão
Telhados de vidro
Quanto vale o teu cascalho?

A eles
Minha boca só doçuras
Deles
Cada estilhaço uma amargura

Não tilinta gratidão
Perdeu-se o estender da mão
Que há pouco ofertei

Ataram-me à imperfeição
Sadismo embriagado
Desse amor pouco caprichado.



Por amor às Helenas de Manoel Carlos
João Ricardo
Quero as Helenas sem juízo de valor
E as quero com afeto acolhedor
Enterneço-me diante do brilho
Não sei se como amante ou como filho
Sequer Freud explicaria
Este Édipo perdido
Com espírito ferido
Julgado à revelia
Não serve quiromancia
Seja no passado ou no futuro
Helenas são jogo duro
Ainda que quebrem as taças
Sabem apreciar o licor
Helenas são um brinde indelével ao amor.



  

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Texto: "Viver é o que nos fornece material para criar" - Suelen Domingos


 "Viver é o que nos fornece material para criar"
                      Suelen Domingos - 
Sétimo período do Curso de Letras - Espanhol
Suelen Domingos - Pesquisadora de Literatura e Poeta


O ato de contar histórias é tão antigo quanto a própria humanidade. A tradição de capturar os acontecimentos e as crenças das comunidades vem da época em que os humanos se sentaram pela primeira vez ao redor de uma fogueira para contar casos.
                                                       (KINDERSLEY, 2015, p.12)

            A literatura muitas vezes é considerada apenas como a arte de contar histórias de teor ficcional, quando na verdade temos desde a antiguidade a literatura sendo literatura, desde as lendas e as mitologias, ainda que mergulhadas na fantasia, era a forma de um povo contar a sua história. Fica desta forma, difícil desassociar literatura de vida, pois se é a literatura que nos oferece meios de contar a vida, o que seria de uma sem a outra?!
            Viver é o que nos fornece material para criar, estudar e compreender a literatura. Além do poder que uma obra literária tem de fazer com que alguém possa “viver várias vidas”, um dos papeis fundamentais da literatura na minha opinião é o de servir como espelho da sociedade, logo deixo claro meu apreço pelo período literário chamado: Realismo. No qual os escritores usavam suas obras afim de criticar os maiores problemas da sociedade daquela época. Destaco neste período um dos meus escritores favoritos: Eça de Queiroz, que participou do grande boom do Realismo em Portugal no século XIX com o seu polêmico: “O Crime do Padre Amaro”.
            Não existe beleza maior do que poder se expressar através da arte e a literatura, pra mim é essa liberdade (?).
            É necessário ser sensível para sentir as sensações e emoções que a literatura nos oferta. Para poder mergulhar fundo e se entregar. Assim, já não se sabe mais o que é vida e o que são os efeitos da literatura nela.
            Minha relação com a literatura hoje é de pura cumplicidade, percebo que ela sempre esteve presente, como se me observasse todo o tempo. Até que finalmente abri o meu coração e a minha vida para viver a literatura, descobrir os segredos escondidos em tudo aquilo que já fazia parte da minha vida e da minha rotina, de uma nova forma, com um novo olhar e aí eu conheci as teorias, uma nova janela se abriu quando eu entendi que havia muito mais do que aquilo que estava escrito e que eu não podia confiar nunca em um narrador.
            Hoje eu olho para a literatura de um jeito diferente, com um olhar mais maduro, mas que ainda tem muito a aprender e entender. Eu a desafio a medida que ela me desafia e isso torna a nossa relação especial, estamos sempre em movimento.
            Hoje entendo que a literatura é além de um meio de vida (do qual eu quero para sempre viver), uma arma poderosa contra a alienação. O nosso desafio como estudantes e professores é fazer germinar a sede pelo conhecimento, é desafiar os nossos futuros alunos, oferecendo-lhes materiais para que sejam capazes de construir suas próprias ideias. Compreender a literatura nos torna responsáveis por não a deixar morrer ou ser esquecida. É como um pacto. Quando ela te transforma e isso transforma a sua vida, você tem com a literatura uma divida eterna, a qual você sabe que por mais que você faça e dê o seu melhor, jamais será paga.
            Mais do que contar histórias, ela faz a nossa história, num poema, num conto, numa carta... lá está ela. Num gesto, num sorriso, num olhar... lá estará ela.
            Em minha vida ela está em todo lugar e não há um dia que eu não agradeça por ter aberto a janela e a ter deixado entrar.
            Fazendo uma breve comparação ao filme: “Tempos de Paz”, pudemos ver a literatura salvando a vida de um homem, isso por conta do seu contato com ela no teatro, sua vida se mesclava à literatura e com isso, afirmo que a literatura salva vidas, ela também salvou a minha.






REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
KINDERSLEY, Dorling, O Livro da Literatura. 2. ed., Rio de Janeiro, Editora
Globo, 2015.



Maycon Lopes escreve um poema romântico

AMOR NO SEU OLHAR
Maycon Lopes da Silva

Vi amor no seu olhar
Porque me inspirou essa poesia
Quanto tempo eu não escrevia
Uma linda história de amor
Vi amor no seu olhar
Quando falava nas crianças
Transmitia luz e esperança parecia o Salvador
Vi amor no seu olhar
Quando escolheu a enfermagem, com seu jeito de cuidar do outro
Pensando ser você
Vi amor no seu olhar
Quando fala de um futuro mesmo sendo tão incerto
Um amanhã encoberto do que estás prestes acontecer...
Estás coisas me afirmam a cada instante a certeza que é você!

Para: Nana

Maycon Lopes da Silva Literaturas, 4º período. Gêneros da Literatura
Foto escolhida pelo autor para ilustrar o poema