"Viver é o que nos fornece material para criar"
Suelen Domingos -
Sétimo período do Curso de Letras - Espanhol
Suelen Domingos - Pesquisadora de Literatura e Poeta |
O ato de contar histórias é tão antigo
quanto a própria humanidade. A tradição de capturar os acontecimentos e as
crenças das comunidades vem da época em que os humanos se sentaram pela
primeira vez ao redor de uma fogueira para contar casos.
(KINDERSLEY, 2015, p.12)
(KINDERSLEY, 2015, p.12)
A literatura muitas vezes é considerada apenas como a arte de contar histórias de teor ficcional, quando na verdade temos desde a antiguidade a literatura sendo literatura, desde as lendas e as mitologias, ainda que mergulhadas na fantasia, era a forma de um povo contar a sua história. Fica desta forma, difícil desassociar literatura de vida, pois se é a literatura que nos oferece meios de contar a vida, o que seria de uma sem a outra?!
Viver é o que nos fornece material para criar, estudar e compreender a literatura. Além do poder que uma obra literária tem de fazer com que alguém possa “viver várias vidas”, um dos papeis fundamentais da literatura na minha opinião é o de servir como espelho da sociedade, logo deixo claro meu apreço pelo período literário chamado: Realismo. No qual os escritores usavam suas obras afim de criticar os maiores problemas da sociedade daquela época. Destaco neste período um dos meus escritores favoritos: Eça de Queiroz, que participou do grande boom do Realismo em Portugal no século XIX com o seu polêmico: “O Crime do Padre Amaro”.
Não existe beleza maior do que poder se expressar através da arte e a literatura, pra mim é essa liberdade (?).
É necessário ser sensível para sentir as sensações e emoções que a literatura nos oferta. Para poder mergulhar fundo e se entregar. Assim, já não se sabe mais o que é vida e o que são os efeitos da literatura nela.
Minha relação com a literatura hoje é de pura cumplicidade, percebo que ela sempre esteve presente, como se me observasse todo o tempo. Até que finalmente abri o meu coração e a minha vida para viver a literatura, descobrir os segredos escondidos em tudo aquilo que já fazia parte da minha vida e da minha rotina, de uma nova forma, com um novo olhar e aí eu conheci as teorias, uma nova janela se abriu quando eu entendi que havia muito mais do que aquilo que estava escrito e que eu não podia confiar nunca em um narrador.
Hoje eu olho para a literatura de um jeito diferente, com um olhar mais maduro, mas que ainda tem muito a aprender e entender. Eu a desafio a medida que ela me desafia e isso torna a nossa relação especial, estamos sempre em movimento.
Hoje entendo que a literatura é além de um meio de vida (do qual eu quero para sempre viver), uma arma poderosa contra a alienação. O nosso desafio como estudantes e professores é fazer germinar a sede pelo conhecimento, é desafiar os nossos futuros alunos, oferecendo-lhes materiais para que sejam capazes de construir suas próprias ideias. Compreender a literatura nos torna responsáveis por não a deixar morrer ou ser esquecida. É como um pacto. Quando ela te transforma e isso transforma a sua vida, você tem com a literatura uma divida eterna, a qual você sabe que por mais que você faça e dê o seu melhor, jamais será paga.
Mais do que contar histórias, ela faz a nossa história, num poema, num conto, numa carta... lá está ela. Num gesto, num sorriso, num olhar... lá estará ela.
Em minha vida ela está em todo lugar e não há um dia que eu não agradeça por ter aberto a janela e a ter deixado entrar.
Fazendo uma breve comparação ao filme: “Tempos de Paz”, pudemos ver a literatura salvando a vida de um homem, isso por conta do seu contato com ela no teatro, sua vida se mesclava à literatura e com isso, afirmo que a literatura salva vidas, ela também salvou a minha.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
KINDERSLEY, Dorling,
O Livro da Literatura. 2. ed., Rio de Janeiro, Editora
Globo, 2015.
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