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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

domingo, 22 de junho de 2025

FAIXA 2 - VOLUME 2 - UM POETA BARROCO - ANA HATHERLY - Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

FAIXA 2 - VOLUME 2  

UM POETA BARROCO - ANA HATHERLY 

Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis

 



 

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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor. Produzido e Idealizado pelo Prof. Erivelto Reis - 2025. Poesia Portuguesa MusIcAda - Volume 2 [maio/junho - 2025] (Projeto educacional - audiolivro - sem fins lucrativos) Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Imagens produzidas com recursos de IA: Gemini e Copilot Produção das canções: Suno IA UM POETA BARROCO - ANA HATHERLY Um poeta barroco disse: As palavras são As línguas dos olhos Mas o que é um poema Senão Um telescópio do desejo Fixado pela língua? O voo sinuoso das aves As altas ondas do mar A calmaria do vento: Tudo Tudo cabe dentro das palavras E o poeta que vê Chora lágrimas de tinta. Ana Hatherly: Uma Mestra da Inovação Artística e Literária Ana Hatherly (1929-2015) foi uma das mais importantes e multifacetadas artistas e intelectuais portuguesas do século XX e início do XXI. Sua obra abrangeu a poesia, a prosa, o ensaio, a pintura, o cinema experimental e a teoria da arte, sempre marcada por uma profunda experimentação e um espírito inovador. Nascida no Porto, Hatherly teve uma formação cosmopolita, estudando música, cinema e arte em Londres, Bruxelas e Nova Iorque. Essa bagagem diversificada foi crucial para a amplitude de sua produção artística. No campo da literatura, destacou-se pela sua poesia visual e experimental, rompendo com as convenções linguísticas e explorando a dimensão gráfica da palavra. Sua obra poética é frequentemente associada à poesia concreta e à poesia experimental, questionando os limites da linguagem e da representação. Alguns de seus livros mais emblemáticos incluem Anagramas (1970), Tiphareth (1978) e O Mestre de Aviz (1998). Como artista plástica, Ana Hatherly foi pioneira em Portugal na arte conceitual e no uso da escrita como imagem. Suas pinturas e instalações muitas vezes incorporavam textos, caligrafias e símbolos, diluindo as fronteiras entre as disciplinas. Além de sua produção artística, Hatherly foi uma renomada teórica e ensaísta. Suas investigações sobre o Barroco, a arte oriental e as relações entre arte e pensamento foram fundamentais para a crítica e a academia. Ela lecionou em diversas universidades, incluindo a Universidade Nova de Lisboa, onde fundou o Centro de Estudos de Poesia Experimental. Ao longo de sua carreira, recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos, consolidando seu lugar como uma figura central na cultura portuguesa e internacional. Ana Hatherly deixou um legado de constante busca pela inovação, desafiando as categorizações e expandindo os horizontes da criação artística e literária. A Palavra como Ponte entre o Interior e o Exterior O poema inicia com uma definição instigante: "As palavras são / As línguas dos olhos". Essa metáfora sugere que as palavras não são apenas veículos de comunicação, mas também a expressão visível do que os olhos (e, por extensão, a alma) percebem e sentem. Há uma fusão entre o sentido da visão e a capacidade de verbalizar, indicando que a linguagem é a manifestação daquilo que vemos e apreendemos do mundo. Aqui, a metáfora do telescópio é central. Assim como um telescópio amplia e aproxima o distante, o poema é apresentado como um instrumento que permite perscrutar e expandir o universo do desejo humano. O desejo, no contexto barroco, pode ser entendido em suas múltiplas facetas: o anseio pelo divino, a paixão terrena, a busca pelo conhecimento, a inquietação existencial. A ideia de que esse telescópio é "fixado pela língua" reforça a capacidade da linguagem poética de moldar e dar forma a esses anseios profundos. A Totalidade do Mundo Abrigada na Linguagem A terceira estrofe expande o alcance das palavras: "O voo sinuoso das aves / As altas ondas do mar / A calmaria do vento: / Tudo / Tudo cabe dentro das palavras". Essa anáfora do "tudo" enfatiza a onipotência da linguagem poética. Elementos da natureza em movimento e em repouso são elencados para ilustrar que a complexidade, a beleza e a efemeridade do mundo material podem ser contidas e expressas pela palavra. A linguagem se torna um receptáculo universal, capaz de abrigar a totalidade da experiência humana e natural. 

 

FAIXA 1 - VOLUME 2 - A COR DA LIBERDADE - JORGE DE SENA - Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

FAIXA 1 - VOLUME 2 

A COR DA LIBERDADE - JORGE DE SENA 

Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

 







 

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 Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor. Produzido e Idealizado pelo Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Imagens produzidas com recursos de IA: Gemini e Copilot Produção das canções: Suno IA Poesia Portuguesa MusIcAda - Volume 2 [abril/maio - 2025] (Projeto educacional - audiolivro - sem fins lucrativos) A COR DA LIBERDADE JORGE DE SENA – 1959 Não hei-de morrer sem saber Qual a cor da liberdade. Eu não posso senão ser Desta terra em que nasci. Embora ao mundo pertença E sempre a verdade vença, Qual será ser livre aqui, Não hei-de morrer sem saber. Trocaram tudo em maldade, É quase um crime viver. Mas embora escondam tudo E me queiram cego e mudo, Não hei-de morrer sem saber Qual a cor da liberdade. O poema "A Cor da Liberdade", escrito por Jorge de Sena em 1959, é uma poderosa e concisa manifestação do anseio por liberdade em um contexto de opressão. Carrega uma profundidade temática e uma intensidade lírica que o tornam emblemático da fase de resistência do autor à ditadura salazarista em Portugal. Contexto Histórico e Biográfico Para compreender a plena ressonância de "A Cor da Liberdade", é crucial situá-lo no seu contexto histórico. O ano de 1959 marca um período de intensa repressão política em Portugal sob o regime do Estado Novo, liderado por António de Oliveira Salazar. A censura era implacável, a polícia política (PIDE) atuava com mão de ferro, e a liberdade de expressão, de associação e de pensamento eram severamente cerceadas. Nesse ambiente, muitos intelectuais e artistas, como Jorge de Sena, sentiam-se sufocados e compelidos a se manifestar, muitas vezes de forma velada ou simbólica, contra o sistema. Jorge de Sena (1919-1978) foi um dos maiores nomes da literatura portuguesa do século XX. Poeta, crítico, ensaísta, tradutor e professor universitário, a sua obra é marcada por uma vasta erudição, um profundo humanismo e um engajamento cívico inabalável. Viveu em exílio voluntário a partir de 1959 (ano de publicação deste poema), primeiro no Brasil e depois nos Estados Unidos, uma decisão diretamente ligada à sua incompatibilidade com o regime salazarista e à busca por um espaço de liberdade intelectual e política. O exílio, a ausência de liberdade e a nostalgia de Portugal são temas recorrentes em sua poesia, e "A Cor da Liberdade" é um prenúncio ou um eco dos sentimentos que o levariam a essa decisão. O poema surge como um grito de inconformismo e uma promessa pessoal de não ceder à escuridão da tirania. Análise Formal "A Cor da Liberdade" é composto por três estrofes, sendo a primeira e a última quadras (quatro versos) e a estrofe central um quinteto (cinco versos). • Rima e Métrica: O poema não segue um esquema de rima ou métrica rígidos e tradicionais, o que é característico de grande parte da poesia moderna, incluindo a de Sena. A rima funciona mais para criar uma cadência e um sentido de unidade do que para impor uma forma estrita. A irregularidade da rima pode ser vista como um reflexo da própria irregularidade e imprevisibilidade da vida sob a opressão. A métrica também é livre, mas há uma predominância de versos curtos, que contribuem para a intensidade e o impacto da mensagem. A escolha por uma forma menos convencional reflete a modernidade de Sena e sua recusa em se prender a padrões que poderiam engessar a expressão de sentimentos tão urgentes. • Refrão e Repetição: O elemento formal mais marcante é a repetição do verso "Não hei-de morrer sem saber" e, nas estrofes inicial e final, a complementação "Qual a cor da liberdade". Essa repetição funciona como um refrão insistente, um juramento solene do eu lírico. Ela sublinha a obstinação e a determinação em desvendar a essência da liberdade, mesmo sob as condições mais adversas. O refrão confere ao poema um tom de lamento e, ao mesmo tempo, de promessa irredutível. É uma declaração de resistência que ecoa na mente do leitor. • Pontuação e Ritmo: A pontuação, com o uso de vírgulas e pontos finais no meio das linhas, contribui para um ritmo pausado, que permite ao leitor absorver a gravidade de cada afirmação. Os enjambements (continuação da frase de um verso para o outro, como em "Eu não posso senão ser / Desta terra em que nasci") são raros, conferindo um caráter mais assertivo e fragmentado às ideias, cada verso quase como uma sentença em si.

 

sábado, 14 de junho de 2025

Poesia Portuguesa MusIcAda - Volume 1 - Álbum Completo - Produzido por Erivelto Reis

 

FAIXA 10 - INTIMIDADE - JOSÉ SARAMAGO - - Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

Faixa 10 - Intimidade - José Saramago - [No coração da mina mais secreta]

 


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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fado - Voz feminina adulta - Acústico. Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que uma pessoa uma sequência de confissões que se configuram como definições do sentido de intimidade. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Poesia Portuguesa MusIcAda - Volume 1 [Março/abril - 2025] (Projeto educacional - audiolivro - sem fins lucrativos) Faixa 1 - Soneto 81 - Luiz Vaz de Camões - Para Gloria Regina Faixa 2 - Soneto - Soror Violante do Céu - Para Cinda Gonda Faixa 3 - Soneto 80 - Luís Vaz de Camões - [Português Brasil] - Para Ângela Beatriz de C. Faria Faixa 4 - Soneto 74 - Diogo Bernardes - Em memória de Luci Ruas e Clécio Quesado Faixa 5 - Autopsicografia - Fernando Pessoa - Em memória de Cleonice Berardinelli Faixa 6 - Poema - Sophia de Mello Breyner Andresen - Para Gabriela Silva Faixa 7 - Todas as cartas de amor - Fernando Pessoa - Para Jorge Vicente Valentim Faixa 8 - Sete Luas - Natália Correia - Para Teresa Salgado Faixa 9 - Arrebatada - Maria Teresa Horta - Para Luciana Salles Faixa 10 - Intimidade - José Saramago - Para Jorge Fernandes da Silveira Intimidade – JOSÉ SARAMAGO No coração da mina mais secreta, No interior do fruto mais distante, Na vibração da nota mais discreta, No búzio mais convolto e ressoante, Na camada mais densa da pintura, Na veia que no corpo mais nos sonde, Na palavra que diga mais brandura, Na raiz que mais desce, mais esconde, No silêncio mais fundo desta pausa, Em que a vida se fez perenidade, Procuro a tua mão, decifro a causa De querer e não crer, final, intimidade. José Saramago foi um escritor português de grande relevância, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Sua obra é marcada por um estilo único, caracterizado por longas frases, pontuação não convencional e uma narrativa que frequentemente mistura o real e o fantástico com forte crítica social e política. Romances como "Ensaio sobre a Cegueira" e "Memorial do Convento" são exemplos de sua genialidade e capacidade de provocar reflexão no leitor. Saramago é considerado um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa. O poema "Intimidade" de Saramago investiga a busca pela essência alheia através de metáforas evocativas de lugares ocultos e profundos: mina secreta, fruto distante, nota discreta, búzio convolto, pintura densa, veia íntima, palavra branda e raiz escondida. Tais imagens ilustram a dificuldade de alcançar o núcleo íntimo do ser. A pausa silenciosa oferece um momento de contemplação para essa procura. A conclusão revela o anseio pelo toque ("tua mão") e a tentativa de compreender a dualidade entre o desejo e a dúvida ("querer e não crer") em relação à "final, intimidade". O poema aborda a complexidade e a incerteza inerentes à busca por uma conexão profunda, evidenciando a tensão entre o anseio pela união e a consciência das barreiras da individualidade.

 

 

domingo, 13 de abril de 2025

FAIXA 9 - ARREBATADA - MARIA TERESA HORTA - Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

 Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

Faixa 9 - Arrebatada - Maria Teresa Horta - [Eu quero a lava]



 

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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis

Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fado - Voz feminina adulta - Acústico. Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que uma pessoa explicite a intensidade dos seus sentimentos idealizados. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Arrebatada Maria Teresa Horta Eu não quero a ternura quero o fogo a chama da loucura desatada quero a febre dos sentidos e o desejo o tumulto da paixão arrebatada Eu não quero só o olhar quero o corpo abismo de navalha que nos mata quero o cume da avidez e do delírio sequiosa faminta apaixonada Eu não quero o deleite do amor quero tudo o que é voraz Eu quero a lava O poema "Arrebatada" de Maria Teresa Horta é uma declaração intensa e visceral de um desejo avassalador e apaixonado. Através de uma linguagem direta e carregada de imagens fortes, a voz lírica expressa uma repulsa à ternura suave e um anseio voraz por uma experiência amorosa totalizante e ardente. Maria Teresa Horta (1937-2024) foi uma escritora, poetisa, jornalista e ativista feminista portuguesa, considerada uma das figuras mais importantes da literatura portuguesa contemporânea. Nascida em Lisboa, em 20 de maio de 1937, faleceu em fevereiro de 2024. Principais aspetos da sua vida e obra: Origens e Formação: Proveniente de uma família da alta aristocracia portuguesa (era descendente da Marquesa de Alorna), estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Poetisa Marcante: Iniciou sua carreira literária na década de 1960, destacando-se como uma voz poética singular e inovadora. Sua poesia frequentemente aborda temas como o corpo feminino, o desejo, a paixão, a liberdade e a crítica social, com uma linguagem direta e sensual. "As Três Marias" e as "Novas Cartas Portuguesas": Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi a publicação, em 1972, do livro "Novas Cartas Portuguesas", em coautoria com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Inspirado nas cartas de Mariana Alcoforado, o livro era uma ousada crítica à sociedade patriarcal e à repressão do regime salazarista, explorando a sexualidade e a condição feminina de forma inédita. O livro foi censurado e as autoras foram levadas a julgamento num caso que ganhou repercussão internacional, ficando conhecidas como as "Três Marias". Ativismo Feminista: Maria Teresa Horta foi uma figura central do movimento feminista em Portugal. Foi dirigente do Movimento Feminista de Portugal e dirigiu a revista "Mulheres" do Partido Comunista Português durante 14 anos. Sua obra continua a ser estudada e celebrada como um marco na literatura portuguesa e no movimento feminista. Comentários/Poema: Oposição entre ternura e fogo: O poema se estrutura em torno da clara oposição entre a "ternura" (associada a algo brando, talvez superficial ou insuficiente) e o "fogo", a "chama da loucura", a "febre dos sentidos" e a "paixão arrebatada". Essa dicotomia estabelece o tom da busca por uma intensidade extrema. Linguagem sensorial e física: A poeta utiliza uma linguagem que evoca fortemente os sentidos e o corpo. Palavras como "fogo", "chama", "febre", "desejo", "corpo", "abismo de navalha", "cume da avidez", "delírio", "sequiosa faminta" e "lava" pintam um quadro de uma paixão que não se contenta com o plano emocional, mas que busca a fusão física e a perda de controle. Caráter absoluto do desejo: A repetição do verso "Eu não quero..." enfatiza a rejeição da moderação e a afirmação de um querer total e incondicional. A conjunção "quero" surge como um grito de afirmação desse desejo avassalador. Metáforas intensas: As metáforas utilizadas são poderosas e carregadas de significado. O "corpo abismo de navalha que nos mata" sugere uma entrega perigosa e potencialmente destrutiva, mas também profundamente intensa. O "cume da avidez e do delírio" evoca o ponto máximo da excitação e da perda da razão. A "lava" final sintetiza a força incandescente e transformadora desse desejo. Tom direto e assertivo: A ausência de rodeios e a construção frasal concisa conferem ao poema um tom de urgência e determinação. A voz lírica não hesita em expressar sua necessidade visceral. Exploração da paixão feminina: O poema pode ser lido como uma expressão da intensidade da paixão feminina, rompendo com estereótipos de delicadeza e passividade. A mulher aqui se apresenta como ativa, desejante e voraz.

domingo, 6 de abril de 2025

FAIXA 8 - SETE LUAS - NATÁLIA CORREIA - Poesia Portuguesa MusIcAda - Produzido por Erivelto Reis

 

Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

Faixa 8 - Sete Luas - Natália Correia - [Só o nosso nome estava certo]

 

 



 

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 Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fada - Voz feminina adulta - Acústico. Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que alguém tenha uma reflexão sobre a existência de forma suave, algo nostálgica, comparando a vida às fases da lua e suas possíveis influências na vida das pessoas, especialmente em relação ao destino e aos afetos. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Sete Luas Natália Correia Há noites que são feitas dos meus braços e um silencio comum às violetas e há sete luas que são sete traços de sete noites que nunca foram feitas Há noites que levamos à cintura como um cinto de grandes borboletas E um risco a sangue na nossa carne escura de uma espada à bainha de um cometa Há noites que nos deixam para trás enrolados no nosso desencanto e cisnes brancos que só são iguais à mais longinqua onda de seu canto Há noites que nos levam para onde o fantasma de nós fica mais perto: e é sempre a nossa voz que nos responde e só o nosso nome estava certo. Breve Biografia de Natália Correia Natália de Oliveira Correia (Gafanha da Nazaré, 9 de junho de 1923 – Lisboa, 16 de março de 1993) foi uma destacada intelectual, escritora, poetisa, jornalista, dramaturga, ensaísta e ativista política portuguesa. Considerada uma das figuras mais relevantes da literatura portuguesa do século XX, Natália Correia distinguiu-se pela sua escrita ousada, interventiva e profundamente lírica. Desde cedo demonstrou um talento precoce para a escrita, publicando o seu primeiro livro de poemas, "Rio de Mistérios", em 1945. A sua poesia é marcada por uma forte sensualidade e uma crítica social e política incisiva, frequentemente abordando temas como a liberdade, a justiça, a condição feminina e a hipocrisia da sociedade. A sua linguagem é rica, musical e carregada de imagens fortes e originais. Para além da sua atividade literária, Natália Correia foi uma figura ativa na vida política e cultural portuguesa. Durante o regime do Estado Novo, manifestou-se contra a ditadura, o que lhe valeu perseguições e censura. Após a Revolução dos Cravos, em 1974, continuou a participar ativamente no debate público, defendendo as suas convicções com paixão e inteligência. Foi deputada à Assembleia da República pelo Partido Socialista entre 1980 e 1991. Natália Correia deixou um legado indelével na literatura e na cultura portuguesa, sendo reconhecida pela sua coragem, pela sua escrita inovadora e pela sua defesa intransigente da liberdade e da dignidade humana. Comentário do Poema "Sete Luas" Este poema "Sete Luas" de Natália Correia é uma meditação lírica e evocativa sobre a natureza das noites, a sua relação com a experiência pessoal e a fronteira entre o real e o imaginário. Através de imagens vívidas e associações surpreendentes, a autora constrói uma atmosfera onírica e introspectiva. A primeira estrofe estabelece um paralelismo entre a intimidade e a beleza natural. Essa fusão do eu com o mundo natural cria uma sensação de conforto e quietude. No entanto, a introdução instaura um mistério e uma dimensão de potencialidade não realizada. Essas luas não são concretas, mas sim marcas de experiências ausentes, de noites que existiram apenas na imaginação ou no desejo. A segunda estrofe intensifica a carga simbólica e a sensualidade. As noites são personificadas, sugerindo uma beleza frágil e vibrante, algo que se carrega consigo, talvez como uma lembrança ou um segredo. Evoca uma ferida, uma marca profunda, talvez resultante de um encontro intenso e fugaz, comparado à trajetória veloz e luminosa de um cometa. A bainha da espada, associada ao cometa, sugere algo contido, mas com um potencial destrutivo ou transformador. A terceira estrofe aborda a sensação de perda e desencontro. A imagem é melancólica e sugere uma beleza distante, quase inatingível, que ecoa a solidão do eu lírico. A quarta e última estrofe mergulha na introspecção e na busca pela identidade. Sugerindo um confronto com as nossas próprias sombras, com o nosso eu mais profundo e talvez esquecido. No poema, as noites não são meros períodos de escuridão, mas sim espaços carregados de significado, de emoções e de possibilidades.

segunda-feira, 31 de março de 2025

FAIXA 7 - TODAS AS CARTAS DE AMOR - FERNANDO PESSOA - Poesia Portuguesa MusIcAda - Erivelto Reis

 Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

Faixa 7 - Todas as cartas de amor - Fernando Pessoa [São ridículas] 

 

 



 

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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fado-Canção - Balada - Acústico Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que um eu-lírico reflete sobre os sentimentos de amor através das cartaz e se contradiz ao comparar o amor e as cartas de amor a um gesto ridículo. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Todas as cartas de amor são ridículas Fernando Pessoa Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas. Fernando Pessoa: Uma breve biografia e análise do poema "Todas as cartas de amor são ridículas" Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos maiores poetas da língua portuguesa, conhecido por sua vasta obra e pela criação de heterônimos, personalidades poéticas distintas que expressavam diferentes visões de mundo e estilos literários. Entre os mais famosos estão Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Pessoa nasceu em Lisboa e viveu grande parte de sua vida na cidade, trabalhando como tradutor e correspondente comercial. Sua poesia abrange uma ampla gama de temas, desde o lirismo intimista até a reflexão filosófica e a crítica social. Sua linguagem é rica e complexa, marcada pela ironia, pelo humor e pela melancolia. "Todas as cartas de amor são ridículas": Este poema, assinado por Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, explora a natureza paradoxal do amor e da expressão sentimental. Através de uma linguagem coloquial e irônica, o eu-lírico afirma que todas as cartas de amor são ridículas, mas reconhece que a própria experiência amorosa o levou a escrever tais cartas no passado. Análise do poema A crítica ao sentimentalismo: O poema inicia com uma afirmação provocativa, que parece criticar o sentimentalismo exagerado das cartas de amor. No entanto, ao longo do poema, o eu-lírico revela que essa crítica não é direcionada ao amor em si, mas sim à forma como ele é expresso. A inevitabilidade do ridículo: O eu-lírico reconhece que, quando se ama verdadeiramente, é impossível evitar o ridículo. As palavras e os sentimentos expressos nas cartas de amor podem parecer exagerados ou clichês, mas são uma consequência natural da paixão. A nostalgia do passado: O eu-lírico expressa nostalgia pelo tempo em que escrevia cartas de amor, revelando que, apesar do ridículo, esses momentos eram genuínos e intensos. A valorização da experiência amorosa: No final do poema, o eu-lírico conclui que o verdadeiro ridículo está em nunca ter amado o suficiente para escrever uma carta de amor. O poema celebra a experiência amorosa em sua totalidade, com seus excessos e suas contradições. Referências Arquivo Pessoa: http://arquivopessoa.net/textos/2492 Literatura Online: https://literaturaonline.com.br/todas... Cultura Genial: https://www.culturagenial.com/poema-t...

FAIXA 6 - POEMA - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN - Poesia Portuguesa MusIcAda - Erivelto Reis

Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

Faixa 6 - Poema - Sophia de Mello Breyner Andresen  [Não trago Deus em mim]




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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fado - Moderna música portuguesa - acústico - balada Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que o eu-lírico se questiona em meio a um turbilhão de impressões e incertezas quanto à liberdade e a si mesmo. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva POEMA Sophia de Mello Breyner Andresen A minha vida é o mar, o abril, a rua O meu interior é uma atenção voltada para fora O meu viver escuta A frase que de coisa em coisa silabada Grava no espaço e no tempo a sua escrita Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro Sabendo que o real o mostrará Não tenho explicações Olho e confronto E por método é nu meu pensamento A terra o sol o vento o mar São a minha biografia e são meu rosto Por isso não me peçam cartão de identidade Pois nenhum outro senão o mundo tenho Não me peçam opiniões nem entrevistas Não me perguntem datas nem moradas De tudo quanto vejo me acrescento E a hora da minha morte aflora lentamente Cada dia preparada Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004) foi uma das maiores poetisas portuguesas do século XX. Sua obra, marcada pela busca da justiça, do equilíbrio e da harmonia, ecoa como uma voz de liberdade. Trajetória e Obra: Infância e Juventude: Nascida no Porto, em 6 de novembro de 1919, Sophia cresceu em uma família aristocrática. Estudou Filologia Clássica na Universidade de Lisboa, mas não concluiu o curso. Início da Carreira Literária: Publicou seus primeiros versos em 1940, nos "Cadernos de Poesia". Sua obra poética é vasta e inclui títulos como "Poesia" (1944), "O Dia do Mar" (1947) e "Coral" (1950). Reconhecimento e Prêmios: Sophia foi a primeira mulher portuguesa a receber o Prêmio Camões, em 1999, o mais importante galardão literário da língua portuguesa. Em 2003, recebeu o Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana. Outras Áreas de Atuação: Além da poesia, Sophia escreveu contos infantis, como "A Menina do Mar" (1958) e "A Fada Oriana" (1958), e traduziu obras de Dante Alighieri e Shakespeare. Ativismo e Engajamento Social: Sophia participou de movimentos universitários e foi sócia fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. Após a Revolução de Abril de 1974, candidatou-se à Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista. Legado: Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu em Lisboa, em 2 de julho de 2004. Em 2014, seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional. Características de sua poesia: A busca da justiça, do equilíbrio, da harmonia e a exigência do moral. Tomada de consciência do tempo em que vivemos. A Natureza e o Mar – espaços eufóricos e referenciais para qualquer ser humano. Premiações e Honrarias: Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico de Portugal (9 de Abril de 1981) Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (13 de Fevereiro de 1987) Prémio Camões (1999) Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana (2003) Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada a título póstumo (2019) Uma reflexão profunda sobre a existência, a relação entre o ser humano e o mundo, e a busca por significado. Através de versos carregados de simbolismo e uma linguagem concisa, a poetisa nos convida a contemplar a natureza, a vida e a morte. Comentário breve sobre o poema: A relação com o mundo: identifica-se com elementos da natureza ("o mar, o abril, a rua"), mostrando uma conexão profunda com o mundo exterior. A sua "atenção voltada para fora" sugere uma abertura para a experiência sensorial e uma recusa em se fechar em si mesma. A busca por significado: A afirmação "Não trago Deus em mim, mas no mundo o procuro" revela uma espiritualidade que se manifesta na contemplação da realidade. "A terra o sol o vento o mar, são a minha biografia e são meu rosto", versos que mostram a fusão entre a autora e a natureza, sendo a natureza a sua identidade. A consciência da mortalidade: A menção da "hora da minha morte" demonstra uma aceitação da finitude da vida, encarada com serenidade e preparação. A identidade e a recusa de rótulos: O eu-lírico encontra sua identidade no próprio mundo, na experiência direta da vida.

domingo, 30 de março de 2025

FAIXA 5 - AUTOPSICOGRAFIA - FERNANDO PESSOA - Poesia Portuguesa MusIcAda - Erivelto Reis

Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis - Poesia Portuguesa MusIcAda (2025)

Idealização e Produção: Erivelto Reis 

FAIXA 5 - Autopsicografia - Fernando Pessoa - [O poeta é um fingidor]

 


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Poemas da Literatura Portuguesa musIcAdos com recursos de IA, visando à formação de público leitor no Ensino Médio. Prof. Erivelto Reis - 2025. Projeto Euterpe, Erato & Erivelto Reis. Idealização, Repertório e Produção: Erivelto Reis Ficha técnica: Imagens criadas com Prompts no Copilot e Gemini: Azulejos portugueses como capas de discos de vinil. A correlação entre a poesia portuguesa e sua materialização através do design dos azulejos que remetem à história e à cultura de Portugal e o vinil como elemento-símbolo da música numa alusão ao tempo outro menos tecnológico e mais artesanal. Prompt para o arranjo: Fado - Mix - Moderna música portuguesa - influências de áfrica - refrão - dueto - Acústico. Divisão da letra do poema para a música: Erivelto Reis Prompt para a letra (interpretação): conversão do poema numa cena em que haja um congraçamento entre Portugal e África através da poesia de Fernando Pessoa. Edição de áudio: Programa Audacity Produção de vídeo: Programa Canva Autopsicografia Fernando Pessoa O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração. "Autopsicografia" é um dos poemas mais conhecidos de Fernando Pessoa, publicado em 1932 na revista Presença. Nele, o poeta reflete sobre o processo de criação poética, a natureza do sofrimento e a relação entre o poeta e o leitor. Análise: O fingimento do poeta: No poema, Pessoa afirma que o poeta é um "fingidor", que simula a dor que sente. Essa dor, no entanto, é real, mas transformada em algo diferente através da poesia. A dor e a poesia: A poesia, para Pessoa, é uma forma de expressar a dor, mas também de transcendê-la. A dor do poeta se transforma em algo que pode ser sentido e compreendido pelo leitor. A emoção e a razão: O poema também aborda a relação entre a emoção e a razão. O coração, que sente a dor, é comparado a um "comboio de corda", que gira impulsionado pela razão. A universalidade da dor: Através da poesia, a dor individual do poeta se torna uma experiência universal, com a qual todos podem se identificar. Interpretações: O poema pode ser interpretado como uma reflexão sobre a própria natureza da poesia, como um ato de fingir que revela verdades profundas sobre a condição humana. Pode-se também interpretar o poema como uma forma de Pessoa lidar com seu próprio sofrimento, transformando-o em algo belo e significativo. A obra também pode ser vista como uma crítica à ideia de que a poesia deve ser uma expressão direta das emoções do poeta.