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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE ANÁLISE LITERÁRIA - Prof. Erivelto Reis



ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE ANÁLISE LITERÁRIA
Prof. Ms. Erivelto Reis


MACROANÁLISE
Elementos externos que localizam a obra:
1.       Autor;
2.       Ano de publicação;
3.       Contexto histórico (Acontecimentos importantes / datação de século etc.);
4.       Contexto social (Acontecimentos políticos / sociais);
5.       Corrente filosófica (Ideias que norteavam a sociedade no período anterior e imediatamente posterior à publicação);
6.       Acontecimentos culturais (Costumes, autores importantes, elementos artísticos predominantes, relações com outras formas de arte).

Essas relações externas, embora, nem sempre sirvam como suporte à análise literária, podem ajudar ao pesquisador iniciante a situar e a compreender a relevância de temas, tramas e subtramas presentes na narrativa.

ELEMENTOS ESTRUTURANTES DA NARRATIVA
1.       NARRADOR (TIPOS E FUNÇÕES DE NARRADOR – VARIAÇÃO NARRATIVA – VOZES NARRATIVAS – FOCO NARRATIVO);
2.       PERSONAGEM (HERÓI, PROTAGONISTA, ANTAGONISTA, SECUNDÁRIO – FUNÇÕES DO PERSONAGEM – SUA TRAJETÓRIA – SUA RELAÇÃO COM OUTROS PERSONAGENS);
3.       ENREDO – (Sumário da ação – atos da ação – cenas da ação – diálogos da ação)
a)      Sumário: descrição resumida do enredo (do que trata a história)
b)      Atos da ação: Prólogo – ápice – epílogo (quais são os problemas que mantém o enredo em constante vibração);
c)       Cenas da ação (Cada ato tem uma ou mais cenas fundamentais. As cenas são acontecimentos fundamentais para a evolução da narrativa, seu desdobramento, sua compreensão, ampliar significações e relações da obra com o mundo externo);
d)      Diálogos da ação: ou nas descrições do narrador ou nas falas de personagens, as tramas (resoluções narrativas que vão construir os problemas que vão sustentar o enredo), os textos as palavras não são por acaso, tem sentidos e significações diversos.

4. TEMPO – OBSERVAR OS VERBOS: Duração, extensão e prática da ação narrativa.
a)      (Passado – pretérito [finalizado] /
b)      pretérito imperfeito [cotidiano] /
c)       pretérito mais que perfeito [tempo histórico]
d)      / Futuro do presente e Futuro do pretérito (fluxo de consciência e narrativa linear) presente histórico [narra uma ação ocorrida num passado remoto com verbos no presente – suscitar credibilidade do leitor [encontra-se comumente nos flashbacks]);
e)      Tempo cronológico – A ação é linear: passado, presente, futuro / ontem, hoje, amanhã / manhã, tarde, noite / infância, juventude, maturidade etc.
f)       Tempo oscilante – Flashback: a ação oscila entre elementos narrados da perspectiva do presente para o passado. Ou interrompe-se a narrativa presente e narra-se linear ou fragmentadamente o passado.
g)      Fluxo de consciência: É a ação que se passa na memória ou na lembrança, na visão ou na invenção do personagem em qualquer tempo. Inicia-se do presente, mas desloca-se para o passado ou para o futuro. No texto escrito, pode estar marcada por letras diferentes, pontuação, aspas (do discurso indireto) etc. Às vezes, mistura-se à narrativa cronológica, confunde-se com o flashback. A diferença reside basicamente em que o flashback narrará uma ação completada.

                5. ESPAÇO: É onde se passa a ação narrada;
a)      Físico – (Quarto / sala / cozinha / quintal – carro – ônibus, metrô, casa, sítio, apartamento etc.);
b)      Geográfico – (Rua, bairro, cidade, município, estado, país, mundo etc);
c)       Intelectual – Consciente, inconsciente, invenção, criatividade do narrador, personagem; a História como pano de fundo.
d)      Emocional – Lembrança – memória – reminiscência – euforia – melancolia – a ação narra-se fortemente influenciada por fluxo de consciência ou num espaço dominado por sentimentos que isolam o espaço real da ação descrita da ação sentida ou pressentida pelo personagem;

MICROANÁLISE: As mínimas relações de sentido no corpo da obra e a partir dela são motivos de investigação e argumentação detalhada:
a)      Título da obra;
b)      Orelhas;
c)       Quarta-capa;
d)      Dedicatória;
e)      Epígrafe;
f)       Prefácio;
g)      Posfácio;
h)      Notas;
i)        Nomes e significados de personagens;
j)        Características de personagens literárias de personagem (Plano, Redondo, Herói, protagonista, antagonista, secundário, narrador-personagem etc.);
k)      Características físicas, morais, intelectuais de personagem;
l)        Títulos e números de capítulos;
m)    Citações de frases de outras obras;
n)      Referências a outras obras ou personagens;
o)      Significados e o que simbolizam determinados elementos (Ver Dicionário de símbolos);
p)      Vocabulário: Análise lexical (Citações ou traduções / Identificação cronológica da obra ou do personagem por ocasião da utilização de arcaísmos, anglicismos etc.);
q)      Sentidos: Análise Semântica (Figuras de linguagem e sentidos das palavras e expressões utilizadas. Lembrar-se de que todo texto literário é, por excelência, polissêmico, ou seja, possui mais de uma interpretação possível / ou ainda fala de uma coisa para referir-se a outra, etc.);
r)       Efeitos (Humor, catarse, repulsa, dramas, ironia, etc.);
s)       Gêneros: Épico (3ª pessoa – presença de um narrador), Lírico (1ª pessoa – voz que se expressa – “eu-lírico”) e Dramático (2ª pessoa: os diálogos ajudam a narrar e a avançar a compreensão da narrativa). Gêneros modernos: podem ser híbridos (misturados) (romance, poesia, conto, crônica, novela, autobiografia, carta, diário, etc) – Deve-se perceber o que predomina não a exclusividade de um gênero na literatura moderna. (Ver dicionário de narratologia);
t)       Ver relações com outras obras, seus enredos, personagens e narradores: Intertextualidade;
u)      Comparar obras e temas: Literatura comparada (o que comparar? Qual a relação entre as obras? Por que comparar? O que se deseja com a comparação que relações de significado e sentido há nas obras que justifique a comparação?)

Formas de abordagem crítica e analítica, ou seja: A obra – sua estrutura narrativa – um apoio teórico (ou mais apoios teóricos) – o que se deseje abordar crítica e analiticamente. Não existe análise sem apoio teórico.
Estabelece relações entre:
Literatura e outras linguagens de arte: Música / cinema / teatro / escultura / dança / mímica / arquitetura/ fotografia etc.
Literatura e História
Literatura e Sociedade
Literatura e Filosofia
Literatura e Cultura
Literatura e Psicologia

PERGUNTAS COMPLEMENTARES (MUITO IMPORTANTES):
Por que a obra é importante?
O que na obra é inovador?
O que foi que essa obra legou à Literatura?
Por que essa obra se destacou das demais do mesmo autor ou de outros autores?
O que é marcante nesse personagem?
Qual é a estratégia narrativa dessa obra?
Como me relacionei, como leitor, com o narrador dessa obra?
Qual o simbolismo dessa obra?
Qual o sentido dessa obra?
A obra apresenta reviravoltas? Surpresas?
Qual o clímax da obra?
Essa obra ou algum de seus personagens trazem explicitamente algum apelo moral, ético, espiritual, político, social?
Qual é o período histórico que serve de cenário para a obra?
Já li algo semelhante a essa obra?
Esse personagem me lembra de alguma pessoa importante?
Por que a narrativa dá a entender que termina do mesmo jeito que começou?
Por que os personagens não têm nome?
Quanto tempo demora ação narrada?
Por que a obra tem esse título?
Por que o narrador fica me avisando de algum detalhe?
Por que a obra terminou desse jeito?
O que mais me emocionou nessa obra?
Quantos capítulos têm?
A linguagem é moderna, é antiga?
O texto tem alguma passagem poética ou filosófica? Qual? Por quê?
Por que se repete a mesma expressão em diversos capítulos?
Por que cada personagem conta a história de uma forma?
Se outro personagem contasse a história, ela teria a mesma perspectiva?
Por que esse narrador sabe o que o outro pensa e sente?
Por que esse narrador sabe o presente, o passado e o futuro?
Por que esse narrador parece estar em todos os lugares?
Por que esse narrador não faz nada para evitar?

PERGUNTAS ACADÊMICAS E RELEVANTES QUE AJUDAM A INTRODUZIR A ANÁLISE OU A CONTEXTUALIZÁ-LA

Quem escreveu? Quando? Como? Quanto tempo? Por que escreveu?
Que período histórico?
Que período literário?
Que corrente filosófica?
Que características esta obra possui do período literário em que se localiza?
A que gênero esta obra pertence?
Existem monografias, dissertações e teses específicas sobre essa obra?
Existem livros sobre essa obra? Sobre esse gênero? Sobre esse período literário?
Qual o mais importante? Qual o mais comum? Qual o mais novo estudo?
Que aspecto presente nessa obra ainda não foi explorado?
O que se escreveu sobre essa obra sobre o qual eu não concordo?
Baseado em que eu não concordo?
Que relações essa obra tem com outras áreas da atividade humana?

TRABALHANDO A ANÁLISE

Apresento um fragmento da obra (não é recontar a obra)
Cito direta ou indiretamente
Argumento ou comento a citação direta ou indireta
Sinalizo a referência seguindo os padrões da ABNT

EM CADA PÁGINA, O IDEAL É QUE HAJA UMA CITAÇÃO DA OBRA OBJETO E UMA CITAÇÃO DA OBRA APOIO TEÓRICO APRESENTADAS, FORMATADAS, SISTEMATIZADAS, NORMATIZADAS E COMENTADAS. (Essa estrutura possibilita que a argumentação acadêmica se processe de forma homogênea).

Há centenas de livros sobre:
Teoria Narrativa
Teoria da Literatura
Literatura comparada
Análise de personagem
Análise de enredo
Análise de gêneros literários
Análise de períodos literários
Literatura Brasileira – portuguesa – africanas – inglesa – francesa – espanhola – latino-americana – americana etc.

Consultar e citar fontes e apoios teóricos é lícito e importante. Mas cada citação direta ou indireta deve ser sinalizada no corpo do texto, seguida de comentário autoral explicitante de uma argumentação, antecedida por uma apresentação que permita ao leitor compreender o porquê daquela citação ou paráfrase (que relação há entre a citação a teoria e os seus argumentos) e sinalizada de forma resumida no corpo do texto (AUTOR, ANO, p.). No capítulo dedicado às referências será feita a listagem completa das obras consultadas para a realização da pesquisa.







                                                                                             

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