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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

domingo, 13 de outubro de 2013

Aluno Gilton Carlos de Paula Nunes do Curso de BSI escreve texto crítico sobre crônica de Fernando Sabino


Nome: Gilton Carlos de Paula Nunes.
Curso: BSI
3° Período
Professor: Erivelto Reis.
Turno: Manhã
Expressão Oral e Escrita



Poema: “O último poema”.

Exercícios acerca do poema

1) Quem é o autor do poema? Manuel Bandeira.

2) O conhecimento do poema modificou ao entendimento do crônica?

       O conhecimento do poema não modificou meu entendimento, pois os dois autores  expressam nos seus textos diversos sentimentos o grande desejo de encontrar algo simples e de suma importância no cotidiano. E os mesmos estavam em busca de encontrarem na simplicidade e nos gestos menores a essência da vida.
        O autor da crônica, Fernando Sabino relata que no caminho de casa entrou num botequim e viu, numa mesa ao fundo do estabelecimento, uma família humilde na maneira de vestir, mas com as suas roupas limpas amparada pelo pai que não tinha muitos recursos financeiros, mas que não ser importou com isso e mesmo assim lembrou-se do aniversário da sua filhinha e comemorava cantando parabéns com muita felicidade e o pai ficou muito satisfeito com o seu gesto de amor não só para com a sua filhinha, mas com toda a família e expressar a sua alegria e satisfação com um lindo sorriso em sua boca.
       Creio que isso mostrou para o autor e para todos nos leitores uma grande lição: que dos pequenos valores lembrados constroem-se grandes poemas e crônicas e, principalmente, uma vida agradável, cheia de amor e alegria.


 PARA ILUSTRAR O COMENTÁRIO:



A ÚLTIMA CRÔNICA
Fernando Sabino
Fonte: http://www.releituras.com/i_samuel_fsabino.asp


A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.

A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

Texto extraído do livro
"A Companheira de Viagem", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1965, pág. 174.


O ÚLTIMO POEMA
Manuel Bandeira

Fonte: http://www.releituras.com/mbandeira_ultimo.asp

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.


Com esses versos homenageamos o poeta
Manuel Bandeira na passagem dos 40 anos de seu falecimento (13/10/1968).


Poema extraído do livro " Manuel Bandeira — 50 poemas escolhidos pelo autor", Ed. Cosac Naify – São Paulo, 2006, p.35.


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