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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Análise do Poema de Camões - Aluno Alex marques 5º período manhã

Análise do Soneto de Camões

Nome: Alex Marques de Melo
Curso: Letras – Português/Literaturas – 5°período
Matéria: Literatura Portuguesa – Poesia
Prof.°: Erivelto Reis

Soneto

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

                                             
Luís Vaz de Camões


Análise

Neste soneto de Camões, percebe-se que o eu-lírico declama a perda da pessoa amada que partiu muito nova: “Alma minha gentil, que te partiste/Tão cedo desta vida descontente”, “Roga a Deus, que teus anos encurtou// Quão cedo de meus olhos te levou”.
Ao longo do poema, o eu-lírico descreve a pessoa como uma alma pura e gentil, o que leva a crer que o amor perdido é uma mulher e quem chora a sua ausência é uma voz masculina.
Nota-se no poema uma típica oposição entre Céu e Terra, mundo carnal e mundo das ideias, carne e espírito, que faz lembrar muito o Barroco. Esse conflito serve para denotar a distância do amante para o ser amado, que, através da morte prematura, se torna inacessível, o que lembra também a Geração do Mal do Século: “Repousa lá no Céu eternamente,/E viva eu cá na terra sempre triste”. Assim, a paixão e o desejo carnal “daquele amor ardente” se convergem em um amor platônico, sentimento de contemplação e de pureza vista pelos olhos do eu-lírico (2ª estrofe, verso 4).
É importante se registrar que o amante também espera que sua amada se lembre dele lá no “assento Etéreo”, rompendo com os limites impostos entre o mundo real e o dos espíritos: “Se lá no assento Etéreo, onde subiste,/Memória desta vida se consente,/Não te esqueças daquele amor ardente,/Que já nos olhos meus tão puro viste”.
O poema é marcado por inversões: “Alma minha gentil, que te partiste”, “Roga a Deus, que teus anos encurtou,/Que tão cedo de cá me leve a ver-te,/Quão cedo de meus olhos te levou.”; verbos no Modo Imperativo: “Repousa lá no Céu”, “E viva eu cá”, “Não te esqueças”, “Roga a Deus”; advérbios de intensidade de modo que não se possa marcar o tempo como “tão”, “eternamente” e “sempre”; e verbos na 2ª pessoa do Presente do Indicativo, indicando que, para o eu-lírico, só existe ele e a sua amada: “te partiste”, “subiste”, “viste”.
Por fim, o eu-lírico pede que a mulher amada peça a Deus para que tire sua vida cedo, porque aí poderá se juntar ao seu amor e, assim, viverem eternamente no mundo etéreo.



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