Análise
do Soneto de Camões
Nome:
Alex Marques de Melo
Curso:
Letras – Português/Literaturas – 5°período
Matéria:
Literatura Portuguesa – Poesia
Prof.°:
Erivelto Reis
Soneto
Alma
minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões
Análise
Neste soneto de Camões, percebe-se que o eu-lírico
declama a perda da pessoa amada que partiu muito nova: “Alma minha gentil, que
te partiste/Tão cedo desta vida descontente”, “Roga a Deus, que teus anos
encurtou// Quão cedo de meus olhos te levou”.
Ao longo do poema, o eu-lírico descreve a pessoa
como uma alma pura e gentil, o que leva a crer que o amor perdido é uma mulher
e quem chora a sua ausência é uma voz masculina.
Nota-se no poema uma típica oposição entre Céu e
Terra, mundo carnal e mundo das ideias, carne e espírito, que faz lembrar muito
o Barroco. Esse conflito serve para denotar a distância do amante para o ser
amado, que, através da morte prematura, se torna inacessível, o que lembra também
a Geração do Mal do Século: “Repousa lá no Céu eternamente,/E viva eu cá na
terra sempre triste”. Assim, a paixão e o desejo carnal “daquele amor ardente”
se convergem em um amor platônico, sentimento de contemplação e de pureza vista
pelos olhos do eu-lírico (2ª estrofe, verso 4).
É importante se registrar que o amante também
espera que sua amada se lembre dele lá no “assento Etéreo”, rompendo com os
limites impostos entre o mundo real e o dos espíritos: “Se lá no assento
Etéreo, onde subiste,/Memória desta vida se consente,/Não te esqueças daquele
amor ardente,/Que já nos olhos meus tão puro viste”.
O poema é marcado por inversões: “Alma minha
gentil, que te partiste”, “Roga a Deus, que teus anos encurtou,/Que tão cedo de
cá me leve a ver-te,/Quão cedo de meus olhos te levou.”; verbos no Modo
Imperativo: “Repousa lá no Céu”, “E viva eu cá”, “Não te esqueças”, “Roga a
Deus”; advérbios de intensidade de modo que não se possa marcar o tempo como
“tão”, “eternamente” e “sempre”; e verbos na 2ª pessoa do Presente do
Indicativo, indicando que, para o eu-lírico, só existe ele e a sua amada: “te
partiste”, “subiste”, “viste”.
Por fim, o eu-lírico pede que a mulher amada peça a
Deus para que tire sua vida cedo, porque aí poderá se juntar ao seu amor e,
assim, viverem eternamente no mundo etéreo.
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