Sentado à Beira do Cais
Depois de um longo dia de trabalho, fui à beira do cais. Como de rotina, olhava o horizonte e pensava na vida;contemplava a natureza e, extasiado, observava o mar que, aos poucos, ia se confundindo com aquela imensidão escura, pois já havia anoitecido.
Quando dei por mim, a água havia sumido, a maré havia baixado. Era algo fora do normal e ficou apenas a lama, eu pude ver vários peixinhos se contorcendo e procurando oxigênio. Afoitos, lutavam para sobreviver. Num impulso de salvá-los resolvi então embrenhar-me na lama e aventurei-me, sem medo, dentro dela. O mar, cada vez mais, ia se diluindo. Era uma coisa assustadora, inexplicável e abominável. Era possível ver vários peixes morrerem por falta de oxigênio, se contorcerem, ou até mesmo, atolados naquela lama podre. Deu-me pena, queria salvar todos mais não tinha condições; eram muitos, e eu estava ali sozinho; e, extasiado, contemplava tamanha brutalidade da natureza.
Fui recolhendo o que dava para carregar, levei-os para uma piscina que havia no quintal da minha casa a poucos metros dali. Levava um pouco de peixe e logo vinha buscar mais. Quando voltei, pela quarta vez, para recolher o que ainda restava de peixe vivo, observei, ao longe, algo diferente: um peixe que nunca havia visto antes. Ele era enorme, gordo e extremamente brilhante. Tamanha era sua beleza, seu brilho era tão forte e tão encantador que ofuscava meus olhos sensíveis. Fui ao seu encontro, peguei-o nos braços, entusiasmado e fiquei observando-o. Eu passava as mãos por sua escamas. Era extraordinário, ele era totalmente diferente dos outros aos quais eu estava salvando. Seu nome eu sabia. Aquele peixe era raro, forte e diferente. Mesmo com pouca água ao seu redor, se mantia forte, intacto e vivo e lutava para sobreviver de uma forma encantadora. Suntentei-o em meus braços, fiz força para ele não escapar e fui correndo colocá-lo no aquário improvisado da piscina de minha casa. Ela não era espaçosa mais daria para mantê-lo vivo, e aos outros peixes, até que a maré subisse.
O seu brilho encantador iluminava o quintal e àquela noite meio turbulenta e desastrosa. O peixe brilhante deixava os outros peixinhos destacados; e, diante de sua beleza, minha esposa ficou deslumbrada, maravilhada, pois nunca vira algo tão bonito.
Ele estava se adaptando bem à sua nova moradia que era nada, se comparada ao mar, mas daria para sobreviver. No fundo - que ironia! - eu sabia que ali não era o seu lugar, mas assim que a maré subisse, eu iria devolvê-lo ao mar. Sua beleza era explêndida que era um equívoco deixá-lo fora do mar.
Depois de uma semana, a maré estava começando a encher, e, aos poucos, o mar ia voltando para o seu devido lugar. Mas como a seca durou três dias a mais, morreram muitos peixes, dava para ver a imensidão de cardumes mortos. Dava pena só de olhar. Depois de 10 dias, o mar estava totalmente normal e eu, aos poucos, já havia devolvido todos os peixinhos, menos o mais bonito, procurava um meio de me desfazer de tamanha beleza, a qual me apegara e da qual cuidara com muito carinho, mas era chegada a hora e fui ao aquário, junto com a minha esposa, que estava quase chorando, pois, estava completamente envolvida. Seu amor por tal criatura já era muito intenso, como se ele fosse um filho. Tristes, fomos então, depois de tantas cerimônias, e o colocamos em um recipente grande e com um carrinho o carregamos para o cais, para jogá-lo ao mar. Muitas horas depois, criamos coragem e o lançamos ao mar. Meio inseguro, ainda ficou ali, explorando o território e tentando se localizar. Era como se o peixe estivesse analisando algo e também como se se despedisse de nós. Mas logo, deu um impulso e, em poucos segundos, sumira na imensidão do mar.
Depois de uma semana, a maré estava começando a encher, e, aos poucos, o mar ia voltando para o seu devido lugar. Mas como a seca durou três dias a mais, morreram muitos peixes, dava para ver a imensidão de cardumes mortos. Dava pena só de olhar. Depois de 10 dias, o mar estava totalmente normal e eu, aos poucos, já havia devolvido todos os peixinhos, menos o mais bonito, procurava um meio de me desfazer de tamanha beleza, a qual me apegara e da qual cuidara com muito carinho, mas era chegada a hora e fui ao aquário, junto com a minha esposa, que estava quase chorando, pois, estava completamente envolvida. Seu amor por tal criatura já era muito intenso, como se ele fosse um filho. Tristes, fomos então, depois de tantas cerimônias, e o colocamos em um recipente grande e com um carrinho o carregamos para o cais, para jogá-lo ao mar. Muitas horas depois, criamos coragem e o lançamos ao mar. Meio inseguro, ainda ficou ali, explorando o território e tentando se localizar. Era como se o peixe estivesse analisando algo e também como se se despedisse de nós. Mas logo, deu um impulso e, em poucos segundos, sumira na imensidão do mar.
Ele nadou com tanta euforia que deu gosto de ver tamanha felicidade. Eu e minha querida esposa estávamos meio tristes, mas, ao mesmo tempo, felizes pois, haviámos feito algo de bom. Nunca mais tornamos a vê-lo, mas minha esposa, todas as noites voltava ao cais para poder ver seu brilho refletir nas águas, pois ainda tinha esperanças de que ele voltasse. Sei que onde ele estiver estará feliz, pois o mar era seu lugar, e no infinito ele nos encontrará.
AUTORA : SUELEN LAÍS
POSTADO POR SUELEN LAIS - 4º PERÍODO DE LITERATURAS - GRUPO 2 -
Oi,Suelen. Revisei seus textos.
ResponderExcluir"Sentado à beira do cais", me fez lembrar de um texto de Mario Quintana. Segue:
Velha História - Mario Quintana
"Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então, ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante vê-los no "17"! o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial... Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho: "Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!..." Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez redemoinho, que foi depois serenando, serenando... até que o peixinho morreu afogado..."
(Quintana, 1976, p. 105)
Att. Erivelto Reis
POXA BEM LEGAL E FEZ LEMBRA MUITO O MEU, INTERESSANTE, OBRIGADO PELA DICA PROFESSOR.
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