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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

sábado, 31 de março de 2012


Medeiros e Albuquerque, João do Rio e Benjamim Costallat: pequena exposição de livros

No início do século XX, o Rio de Janeiro sofre profundas modificações. A velha capital colonial portuguesa dá lugar a uma moderna metrópole, de aspecto afrancesado. Abrem-se praças, rasgam-se avenidas e constroem-se novos edifícios. O centro da cidade é redesenhado e começa a ocupação dos espaços do litoral sul.
O espaço psicológico e estético daquele momento é ocupado por um discurso excêntrico, fortemente contestatório dos ideais de ordem e progresso: o Decadentismo. Ele integrará os movimentos estranhos e os detalhes originalíssimos que a cidade transformada e os costumes e relações modernizados produzem.
Medeiros e Albuquerque, João do Rio e Benjamin Costallat são três dos escritores que fizeram valer a postura desafiadora da nova estética: nomes que, ao mesmo tempo, são autores e personagens das cenas que suas obras compõem. O primeiro deles convoca simultaneamente à perversão do dandismo e à cidadania exemplar. É o autor das primeiras poesias decadentistas e escreve o Hino da República — regime de inspiração positivista. Participa dos grandes debates nacionais e faz experiências com hipnotismo, psicanálise e ocultismo. Entretanto, não esquece a vida don-juanesca que experimentou em Paris. João do Rio é o porta-voz dos acontecimentos da metrópole efervescente, dos mais banais aos mais sofisticados. Acusado de frívolo e superficial, seria consagrado como escritor, ao ser admitido na Academia Brasileira de Letras, e como jornalista amado por seus leitores, quando sua morte é chorada por uma multidão incalculável.
Costallat, observador da alta sociedade e da favela, lança um olhar censório sobre os primeiros arranha-céus da cidade e faz uma especulação premonitória sobre a televisão, recém-inventada. Romancista censurado e ensaísta polêmico, a propósito dele pergunta-se: seria um moralista radical ou dissoluto empedernido circulando entre as mazelas sociais e os dramas humanos de seu tempo?
Este pequeno conjunto de livros é uma parte da coleção de documentos escritos e iconográficos de autores e personagens da Belle Époque brasileira, que está guardada nas prateleiras da Fundação Biblioteca Nacional. Algo como uma daquelas amostras de substâncias voláteis que, acondicionadas em vitrines e pequenos frascos, estão prontas para atrair, envolver e seduzir quem delas se aproxima. A mostra Medeiros e Albuquerque, João do Rio e Benjamim Costallat: pequena exposição de livros é a primeira exposição virtual apresentada pela Fundação Biblioteca Nacional.
Lia Jordão
Irineu E. Jones Corrêa

POSTADO POR IONÁRA CARRARO

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