Publicado em 26/11/2011
Centenário de Mário Lago é lembrado com festas no Rio e em São Paulo
Se estivesse vivo, Mário Lago completaria neste sábado (26), 100 anos. Porém, faz dez que ele se despediu deste mundo (em 30 de maio de 2002), deixando uma das obras mais completas da cultura brasileira. Em 90 anos, o carioca atuou como ator, advogado, poeta, radialista e letrista. Paracomemorar a data, uma série de eventos, lançamentos de CDs e um documentário dirigido por Marco Abujamra estão programados.
É neste sábado de seu centenário que acontece o Projeto Mário Lago – Homem do Século XX e Cordão do Bola Preta, na sede do cordão, no Rio. Na ocasião haverá um baile de lançamento do CD "Folias do Lago", com o Cordão do Boitatá, João Roberto Kelly e Chamom apresentando sucessos de carnavalcompostos pelo artista.
Em São Paulo, a festa está marcada para a próxima sexta-feira, 2 de dezembro, como parte do projeto "O Autor na Praça", na Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima, com exibição de vídeos, música e leituras de textos e poemas, a partir das 19 horas.
Formado em Direito pela Universidade do Brasil, em 1933, Mário Lago era marxista convicto e foi preso sete vezes por razões políticas, em 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969. Inclusive, em 1964, ele teve os direitos políticos cassados pelo regime militar e perdeu as funções que exercia na Rádio Nacional. Uma das últimas participações políticas foi em 1998, quando foi âncora dos programas eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva, que era candidato do Partido dos Trabalhadores, ao qual sempre manifestava apoio e simpatia desde 1989.
As artes surgiram na vida dele aos 15 anos, quando publicou o primeiro poema. Mas a relação profissional veio logo após se formar, quando se envolveu com o teatro de revista. A primeira composição foi "Menina, eu sei de uma coisa", criada com Custódio Mesquita, gravada por Mário Reis em 1935. A parceria obteve o primeiro sucesso três anos depois, quando Orlando Silva gravou "Nada Além". Depois vieram "Ai que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", ambas de Mário Lago e Ataulfo Alves; e a marcha carnavalesca "Aurora", parceria com Roberto Roberti, consagrada na voz de Carmem Miranda.
Grande nome do teatro, do cinema e da televisão, Mário Lago atuou em vários clássicos dos diferentes meios. A estreia no teatro aconteceu em 1942, como ator da peça "O Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues. Na televisão, atuou em telenovelas e minisséries como "Selva de Pedra" (1972), "Pecado Capital" (1975), "O Casarão" (1976), "Dancin’Days" (1979), "O Tempo e o Vento" (1985), "Grande Sertão: Veredas" (1985), "O Salvador da Pátria" (1989), "Barriga de Aluguel" (1990) e "Hilda Furacão" (1998).
Entre os filmes em que participou, estão marcos do Cinema Novo, como "O Padre e a Moça" (1966), de Joaquim Pedro de Andrade; "Terra e Transe" (1967), de Glauber Rocha; e "São Bernardo" (1971), de Leon Hirszman. Também escreveu quatro livros, além de roteiros e argumentos para o cinema, caso de "Banana da Terra" (1939), em parceriacom João de Barro, o Braguinha. Um ano antes de morrer, ele foi enredo da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz..
"Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade".
Amélia é que era mulher de verdade".
O verso é um clássico do samba brasileiro – e é de autoria de Mário Lago,
que antes de ator era um grande compositor e letrista de sambas,
marchas e foxes. A música, para quem não se lembra,
o que parece impossível já que clássicos do samba não morrem, é
Ai Que Saudades da Amélia, de 1942 e gravado pelo grande Ataulfo Alves.
que antes de ator era um grande compositor e letrista de sambas,
marchas e foxes. A música, para quem não se lembra,
o que parece impossível já que clássicos do samba não morrem, é
Ai Que Saudades da Amélia, de 1942 e gravado pelo grande Ataulfo Alves.
Para reavivar a memória musical, são também de Mário Lago as músicas
Aurora, de 1941,
Nada Além, de 1938,
Atire a Primeira Pedra, de 1944
e É Tão Gostoso, Seu Moço, de 1953, entre outras.
São canções que vão além de meras “musiquinhas” e
mostram um compositor engajado com o meio social.
Aurora, de 1941,
Nada Além, de 1938,
Atire a Primeira Pedra, de 1944
e É Tão Gostoso, Seu Moço, de 1953, entre outras.
São canções que vão além de meras “musiquinhas” e
mostram um compositor engajado com o meio social.
Com o desaparecimento do mestre da cultura popular brasileira Mário Lago, perde o
Brasil um dos seus últimos intelectuais em franca atividade. No Brasil da submissão
cultural e da subversão dos valores fundamentais que deveriam nortear os principais
interesses dos cidadãos, a perda de um ativista, advogado, poeta, ator (tragicômico),
jornalista e defensor ferrenho de seus ideais, é algo que nos parece insubstituível.
Brasil um dos seus últimos intelectuais em franca atividade. No Brasil da submissão
cultural e da subversão dos valores fundamentais que deveriam nortear os principais
interesses dos cidadãos, a perda de um ativista, advogado, poeta, ator (tragicômico),
jornalista e defensor ferrenho de seus ideais, é algo que nos parece insubstituível.
Não choram somente amélias e auroras que habitam todos os quadrantes do Brasil,
mas também choramos nós, cultores da arte e do belo, que conhecemos a extensão
deste tipo de perda!
mas também choramos nós, cultores da arte e do belo, que conhecemos a extensão
deste tipo de perda!
A precariedade da educação no Brasil, assim como o sucateamento de valores morais
e éticos, em nome de uma “modernidade” que só existe na cabeça dos imbecis
e éticos, em nome de uma “modernidade” que só existe na cabeça dos imbecis
(veja-se o enorme contingente de “astros” que emporcalham a televisão brasileira),
torna simplesmente impossível a reposição de peças preciosas como Carlos
Drummond de Andrade, Tom Jobim e Mário Lago.
Jamais o Brasil terá novamente homens daquela estatura!
torna simplesmente impossível a reposição de peças preciosas como Carlos
Drummond de Andrade, Tom Jobim e Mário Lago.
Jamais o Brasil terá novamente homens daquela estatura!
Não perdemos apenas Lago, perdemos um grande oceano! Noventa anos é muito
pouco tempo de sobrevivência para um tão grande oceano de intenções e de idéias.
Ele foi criticado por ser comunista e também chamado de machista
(por causa de sua Amélia).
Contudo, aqueles que o criticaram são os mesmos que até hoje criticam tudo
quanto não conhecem e não fazem nenhum esforço para conhecer com maior
profundidade. São aqueles que sempre ouvem o cantar do galo,
mas não fazem a menor idéia de onde ele esteja...
pouco tempo de sobrevivência para um tão grande oceano de intenções e de idéias.
Ele foi criticado por ser comunista e também chamado de machista
(por causa de sua Amélia).
Contudo, aqueles que o criticaram são os mesmos que até hoje criticam tudo
quanto não conhecem e não fazem nenhum esforço para conhecer com maior
profundidade. São aqueles que sempre ouvem o cantar do galo,
mas não fazem a menor idéia de onde ele esteja...
Vá, Mário Lago! Vá misturar suas águas com as águas de outros oceanos.
Pena que o Brasil continuará amargando sua seca.
Vá, Mario! Aproveite e reze para que um dia as auroras do Brasil
sejam mais sinceras e que as amélias brasileiras não achem mais
bonito não ter o que comer...
Pena que o Brasil continuará amargando sua seca.
Vá, Mario! Aproveite e reze para que um dia as auroras do Brasil
sejam mais sinceras e que as amélias brasileiras não achem mais
bonito não ter o que comer...
DICA DO AMIGO FELIPE MATURANA ESTUDANTE DO CURDO DE HISTÓRIA DA FACULDADE SIMONSEN QUE ACHOU O MÁXIMO A IDEIA DO BLOG.
PUBLICADO POR IONÁRA CARRARO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário