Trazido pelos colonizadores portugueses, o cordel nasceu na
Bahia e depois se espalhou pelo Nordeste, onde os repentistas cantavam de
improviso, através de rimas, histórias populares ao som de violas. Mas foi só a
partir da virada do século XIX que a poesia passou a ser impressa.
“Quando a literatura de cordel chegou ao Brasil, ficou um
largo período engatinhado e sem nome. Até a chegada de Gregório de Mattos
(1633-1696), que deu a ela o nome de literatura popular. Mas não tinha sentido
naquela altura chamar de literatura o que era uma manifestação de comunicação
oral. Foi preciso até 1808, quando chegou timidamente a imprensa ao Brasil. E
Deus fez o seguinte: mandou o primeiro cordelista, em 1848, quando nasceu
Silvino Pirauá, que foi o primeiro poeta, além de violeiro. Ele escreveu os
primeiros romances da literatura de cordel’’, relembra Gonçalo Ferreira da
Silva, que fundou em 1988, em conjunto com outros cordelistas, a Academia
Brasileira de Literatura de Cordel, no Rio de Janeiro.
Mas coube ao cordelista Leandro Gomes (1865-1918), conhecido
como o “Poeta do Povo”, na missão de revolucionar a história do cordel.
“Ele veio depois e ficou mais famoso, porque foi quem criou
o primeiro parque gráfico a ponto de produzir a literatura de cordel para
abastecer as principais cidades do Nordeste. O Leandro Gomes foi o mais
importante, porque somou o poeta ao editor”, opina Gonçalo, autor de mais de
250 obras de cordel e 20 livros sobre o assunto. A contribuição de Leandro
Gomes foi tão grande que ele foi aclamado por Drummond de Andrade como
“Príncipe dos Poetas” em uma crônica publicada no Jornal do Brasil em 9 de
setembro de 1976.
“Leandro foi o grande consolador e animador de seus
compatrícios, aos quais servia sonho e sátira, passando em revista
acontecimentos fabulosos e cenas do dia a dia, falando-lhes tanto do boi
misterioso, filho da vaca feiticeira , que não era outro senão o demo, como do
real e presente Antônio Silvino, êmulo de Lampião... Não foi príncipe dos
poetas do asfalto, mas foi, no julgamento do povo, rei da poesia do sertão, e
do Brasil em estado puro”, escreveu Drummond.
Márcia Vieira – Revista Nossa Língua (Outubro de 2011)
Curiosidades:
·
A literatura de cordel ganhou esse nome pois
seus folhetos são, geralmente, pendurados em cordões de barbantes pelas feiras
e praças do Nordeste.
·
Atualmente, há 13 cordeltecas espalhadas pelo
Brasil. A 13º foi inaugurada no dia 13 de novembro 2011, na Feira de Tradições
Nordestinas, conhecida como Feira de São Cristovão, no Rio de Janeiro.
·
Na Academia Brasileira de Literatura de Cordel
existem 40 cadeiras, ocupadas por acadêmicos de todo o país, além de um acervo
de mais de 13 mil títulos. A sede da entidade fica na Rua Leopoldo Fróes, 37,
bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Horário de Funcionamento:
Diariamente, das 09h às 18h.
Postado por Maria de Fátima 3º período –
Português/Literaturas. Grupo 03
Excelente pedida, Maria de Fátima. Nossa Bilioteca tem um acervo muito interessante em se tratando de Literatura de Cordel.
ResponderExcluirBoa escolha para publicação, continue assim.
Att. Erivelto Reis