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Blog para apresentação de textos e desenvolvimento de práticas relacionadas à produção, manipulação, seleção, gerenciamento e divulgação de trabalhos de confecção de textos dos alunos e alunas do Professor Dr. Erivelto Reis, mediador, orientador e coordenador das atividades desenvolvidas no Blog, que tem um caráter experimental. Esse Blog poderá conter textos em fase de confecção, em produção parcial, em processo de revisão e/ou postados por alunos em fase de adaptação à seleção de conteúdo ou produção de textos literários.

domingo, 9 de setembro de 2012


Aluna: Giselle Rodrigues Milliole
Curso: Matemática - FEUC
 
Era muito estranho, pois apesar de aprisionar Raquel de maneira tão fria naquele lugar, Ricardo não aparentava sentir dor, arrependimento ou culpa. Por outro lado, também não aparentava a felicidade retumbante de um vingador vitorioso. Qualquer pessoa que o visse não imaginaria a crueldade que ele havia acabado de cometer.
Ricardo parou em frente ao portão do cemitério, contradizendo todo o comportamento esperado de um criminoso; pouco depois, um homem parou ao seu lado.
- Ela está segura? – perguntou o homem.
- Pode ficar tranquilo. É mais provável que o susto a mate mais depressa do que a prisão. No entanto, me pergunto se é realmente isso que você deseja. - disse Ricardo tranquilamente.
- Claro que sim, foi como nós combinamos. Você a aprisiona e eu vou lá resgatá-la. Ela será grata a mim pelo resto de sua vida.
- Bem, com a gratidão eu concordo. Mas acha mesmo que ela será fiel? Quero dizer, já foram tantas traições.
- Isso não vai mais importar. Tenho certeza que Raquel se apaixonará por mim de verdade e nosso casamento será completo. Sinceramente, não sei como você pode pensar isso dela, logo você, que afirma tê-la amado tanto.- disse o marido de Raquel.
Ricardo suspirou e após uma longa pausa respondeu:
- A questão é que antes de amar Raquel eu amo a mim mesmo. Mas essa é a minha opinião e não a sua e seguindo o seu raciocínio: negócios são negócios, não é?- Ricardo estendeu a mão para o marido de Raquel.
- Com esse dinheiro você poderá ir para longe. Após resgatar minha esposa, direi que você fugiu e que não vale a pena te entregar. De qualquer forma, não há dinheiro que pague o que você fez por mim, rapaz.
Com um incontido sorriso ao contar o dinheiro, Ricardo respondeu:
- Também não há dinheiro que pague a decepção que você terá. De qualquer forma, também espero estar enganado. Apesar de tudo, ainda acredito na capacidade da Raquel em mudar.
Sem aguardar resposta, Ricardo se virou e seguiu seu caminho, enquanto o marido de Raquel corria atrás de sua prisão e possivelmente pensava no que iria dizer ao simular o resgate.
Ainda próximo dali, Ricardo apreciava o dinheiro ganho com aquela mentira tão descomedida; e intimamente pensava no que era realmente o amor daquele homem, senão uma ramificação de sua insensatez.


Enviado por
Giselle Rodrigues

Postado por Ionára Letras/Literaturas

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